São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Igreja é demolida após causar polêmica

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O estrondo causado pela queda do teto da igreja São João, ontem às 18h30, em Pinheiros, marcou o fim do último obstáculo que o prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, ainda enfrentava para inaugurar a primeira parte da extensão da avenida Faria Lima até maio.
A demolição começou às 23h30 de terça-feira e foi paralisada às 0h40 de ontem por ordem do delegado Pedro Mathias, do 14º DP (Pinheiros), que aplicou a Lei do Silêncio contra a prefeitura. A lei proíbe barulho depois das 23h.
A paróquia anglicana São João, que fica na rua Coropé, 108, não decidiu se vai usar o R$ 1 milhão que recebeu da prefeitura para construir outro prédio na parte de terreno que não foi desapropriada ou mudar do local.
Anteontem à noite, a prefeitura não acatou ordem do secretário estadual da Cultura, Marcos Mendonça, que determinou a reabertura do estudo para tombar a igreja no Condephaat (órgão que que cuida do patrimônio histórico).
A reabertura do estudo impediria a demolição da igreja. A decisão de Mendonça foi passada para o secretário das Administrações Regionais, Nieto Martins, às 23h de anteontem.
O secretário alegou que a Justiça já havia dado a posse da Igreja para a prefeitura, citando decisão do juiz Wanderley Sebastião, da 5ª Vara da Fazenda, que desapropriou o imóvel.
Às 23h30, tratores quebraram uma das paredes da igreja. Os paroquianos se sentaram em frente a um trator, mas foram retirados.
Quando duas paredes já haviam sido derrubadas, à 0h40 de ontem, o delegado Mathias chegou ao local e paralisou a demolição.
O diretor da Emurb (Empresa Municipal de Urbanismo), Marcos Helou, disse que a demolição deveria ocorrer 'aquela hora "porque há coisas que não podem esperar".
O secretário Mendonça afirmou ontem que está apurando o que ocorreu para saber porque sua ordem não foi cumprida.
Ontem de manhã, em uma última tentativa de parar a demolição, o vereador Maurício Faria (PT) denunciou no Ministério do Trabalho que os funcionários da obra estavam trabalhando sem equipamento de segurança. Em 15 minutos eles receberam luvas e capacetes e a demolição continuou.

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