São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Paroquianos foram arrastados

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

A resistência dos paroquianos na noite de anteontem teve cenas dramáticas.
A estudante Catia Mari Matsuo, 18, ficou na frente de um trator da prefeitura e só saiu depois de ser arrastada por guardas civis metropolitanos.
Outro grupo de paroquianos, a maior parte deles idosos e crianças, repetiu o gesto e também acabou arrastado.
"Eu queria fazer o mesmo que aquele estudante chinês fez para evitar a destruição da paróquia de qualquer jeito", disse Catia, se referindo ao massacre da praça da Paz Celestial, em Pequim, em 1989.
Catia é filha de um dos pastores da paróquia. Ela chorou ontem ao lembrar que quando era criança gostava de ficar olhando para os lustres da igreja que foi demolida: "pareciam canhões jogando raios de luz".
O pai de Catia, André, celebrou a primeira comunhão na igreja, em 1966, e a última missa, na terça-feira passada.

Faria Lima
O autor do projeto da nova Faria Lima, o arquiteto Julio Neves, disse ontem que a única possibilidade de evitar a demolição da igreja era a Câmara votar uma nova lei alterando a lei de 1968, que determina o traçado original da avenida.
"A obra foi anunciada pelo prefeito Maluf em janeiro de 93, os vereadores tiveram tempo para mudar a lei, agora não adianta reclamar", afirmou.
Para Neves, os paroquianos não tinham razão de reclamar contra a desapropriação.
"O Condephaat disse que o prédio não tinha valor histórico. Eles receberam R$ 1 milhão e vão gastar R$ 80 mil para construir um salão igual ao que foi derrubado. Ainda vai sobrar muito dinheiro", afirmou.
(LHA)

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