São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Arida diz que BC não sustenta Bolsas

VALDO CRUZ; FRANCISCO SANTOS

Novo presidente da instituição afirma que oscilações do mercado de ações não serão mais preocupação
VALDO CRUZ
Secretário de Redação da Sucursal de Brasília
O novo presidente do Banco Central, Pérsio Arida, disse ontem que não cabe à instituição que irá dirigir "sustentar ou derrubar Bolsas de valores".
Arida reuniu ontem um grupo de jornalistas para tentar mostrar que a situação do Brasil é diferente da do México. A preocupação com a comparação entre os dois países aumentou depois da turbulência no mercado acionário, anteontem.
"Já houve momentos em que a oscilação de bolsas era preocupação do Banco Central. Não será deste", afirmou o novo presidente, que toma posse hoje às 11h junto com o novo diretor do BC, Francisco Lopes.
Arida lembrou que as bolsas de valores voltaram a subir ontem, porque o mercado percebeu que o Banco Central não iria intervir em nenhum momento para evitar novas quedas.
A saída de capital estrangeiro do mercado acionário, que pode afetar o programa de privatização do governo FHC, não preocupa o presidente do BC.
Estimativas do mercado apontam para uma saída do país de USS 2 bilhões depois da crise mexicana. O governo conta com o capital estrangeiro nas bolsas para alavancar a venda de estatais.
Arida disse que o principal objetivo do programa de privatização "é resolver o problema fiscal, quitar primordialmente a dívida interna para equacionar o déficit do Tesouro".
Arida lembra que o governo pode usar a dívida interna e outras, como o rombo do FGTS, para impulsionar a privatização e com isso solucionar o problema de caixa do Tesouro.
Sobre o impacto da crise mexicana no mercado de câmbio, Arida disse que o Banco Central não vai ficar passivo. Nos últimos dias, a instituição vendeu dólares para segurar a alta da moeda americana.
O presidente da Bolsa de Valores do Rio, Fernando Opitz, disse ontem que as carteiras de investimentos estrangeiros nas bolsas brasileiras se desvalorizaram cerca de US$ 3,5 bilhões desde o início da crise cambial mexicana.
O cálculo de Opitz foi feito com base na queda acumulada de 26,6% da Bolsa do Rio de 20 de dezembro até ontem. Ele estima que o valor das carteiras estrangeiras caiu de US$ 18 bilhões para US$ 14,5 bilhões nesse período.

Colaborou FRANCISCO SANTOS da Sucursal do Rio

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