São Paulo, quinta-feira, 12 de janeiro de 1995
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Do caos 'Nasce um Monstro'

JOSÉ GERALDO COUTO
DO CAOS 'NASCE UM MONSTRO'

"Nasce um Monstro" (SBT, 2h) é um clássico do terror B, dirigido por um especialista do gênero, Larry Cohen. O título brasileiro já entrega metade do filme: um casal "normal" de classe média (John Ryan e Sharon Farrel) tem um filho depois de anos de tentativas vãs. Só que o bebê é um monstrinho que sai matando tudo o que vê pela frente.
A idéia mais interessante do filme –não atribuir uma causa precisa ao fenômeno– foi justamente o que mais desagradou a acomodada crítica e o ainda mais acomodado público americano.
O filme extrai sua força exatamente da idéia de que a anomalia é produto de uma crise geral: do meio ambiente, das relações interpessoais, dos valores.
Uma das falas mais significativas do filme é do pai do monstrinho: "Você já reparou que a gente costuma chamar de Frankenstein o monstro, e não o seu criador?".
Por intermédio da consciência atormentada do pai, "Nasce um Monstro" trabalha essa identificação entre criador e criatura: os responsáveis pelo horror somos nós, que criamos o lixo de onde nascem os monstros.
Com uma produção modesta e ágil, o filme tem um bom achado, do ponto de vista narrativo, no fato de nunca mostrar o monstro por inteiro, a não ser já quase no fim (e ainda assim, rapidamente).
O terror não vem tanto da coisa gosmenta, como se tornou comum nas últimas décadas, mas da expectativa de que ela apareça. Isso se chama suspense.
(JGC)

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