São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 1995
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Começa dolarização total do sistema financeiro argentino

Taxa de desemprego em 94 é a maior dos últimos 30 anos

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia, Domingo Cavallo, iniciou ontem a dolarização completa do sistema financeiro argentino, para evitar fuga de investidores. Se a crise persistir, ele deverá dolarizar integralmente a economia até maio.
A ordem do ministro veio de Nova York, onde ele participou do Conselho das Américas.
Desde ontem, o Banco Central transforma automaticamente em dólares mais de US$ 5 bilhões de depósitos compulsórios em pesos. A medida visa eliminar as incertezas sobre uma desvalorização do peso.
O BC também passou a comprar e a vender dólares para o sistema financeiro na taxa um dólar igual a um peso. Isso reduz o custo do sistema bancário para dolarizar os depósitos. Os bancos também podem ter todas as reservas em dólares.
Com isso, qualquer cliente que retire depósitos aplicados em pesos recebe o mesmo valor nominal em dólares.
O mercado reagiu positivamente. A Bolsa de Valores de Buenos Aires teve ontem alta de 10,34%, após queda recorde de mais de 9% na terça-feira.
O secretário de Finanças, Bancos e Seguros, Roque Maccarone, disse ontem que o governo "avança na dolarização" para mostrar que não haverá desvalorização do peso.
Até ontem, os bancos eram obrigados a ter um montante das reservas e dos depósitos compulsórios em pesos, como parte do sistema bimonetário –circulação simultânea de duas moedas na economia.
São permitidos contratos nas duas moedas, mas o pagamento de salários e impostos é em pesos. Se a crise permanecer, o governo Menem está disposto a dolarizar toda a economia.
O ministro também cedeu às pressões da rede bancária, que enfrenta problemas de liquidez (disponibilidade em moeda corrente ou papéis rapidamente conversíveis em dinheiro).
O BC reduziu o depósito compulsório sobre depósitos à vista e a prazo. Isso injetou cerca de US$ 700 milhões na rede bancária e deverá baixar as taxas de juros, que chegaram a 30% ao ano nos últimos dias.
Emprego
A Argentina registrou em 94 a maior taxa de desemprego dos últimos 30 anos. Em outubro de 94, o desemprego atingiu a marca de 12%, o que significa 1,3 milhão de desocupados, ao lado de mais 1,3 milhão de subempregados.
Os dados foram divulgados oficialmente ontem pelo Ministério da Economia.
Estimativas reservadas do ministério indicam que o desemprego está crescendo e pode chegar a 15% em maio.

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