São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 1995
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Varejo pode segurar aumentos, diz Dallari

DA REPORTAGEM LOCAL

Os supermercados têm margens de lucro suficientes para arcar com os aumentos da indústria e não repassá-los aos consumidores.
A afirmação é de José Milton Dallari, secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, que ontem se reuniu por duas horas com representantes do setor em São Paulo.
"Os supermercados podem arcar em suas margens com os aumentos, que não estão generalizados na indústria", disse Dallari.
Os aumentos das indústrias não devem chegar, ainda, aos até 15% anunciados na primeira semana do ano. Ontem, a Gessy Lever já apresentou ao varejo tabela com desconto de 8% no sabão em barra. O produto havia subido 9%.
Para Dallari, os supermercados têm fôlego para bancar esses aumentos, até porque seu faturamento cresceu 14% no ano passado, chegando a US$ 31,5 bilhões, segundo dados da Abras (Associação Brasileira dos Supermercados). O volume de vendas, segundo Dallari, também cresceu.
O presidente da Abras, Paulo Afonso Feijó, no entanto, afirmou que os supermercados continuam com as margens reduzidas. "Não tenho uma margem de 8% para arcar com um aumento neste valor", disse Feijó.
Segundo Feijó, apesar de algumas indústrias terem começado o ano com tabelas reajustadas, os aumentos ainda não chegaram aos consumidores. "Na média, não temos aumentado os preços." Ele disse que o setor está negociando com os fornecedores, que já começaram a dar descontos.
Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga, que reúne os pequenos supermercados, disse que o setor tem condições de diluir esses aumentos da indústria.
"Temos estoques entre 18 dias e 20 dias, o que permite a negociação com as indústrias", afirmou.
Foi Tanaka quem comunicou, na reunião com Dallari, os descontos da Gessy Lever.
Para Dallari, apesar de algumas indústrias terem explicado ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, as causas de seus reajustes de preços, os supermercados devem continuar negociando as tabelas e não aceitar os reajustes.
"A indústria mostrou que houve aumento de matéria-prima internacional", disse. "Mas os supermercados devem continuar resistindo contra as remarcações de preços."
Segundo Dallari, o ministério trabalha com dados de preços estáveis no varejo e com tendência de queda, devido à safra.

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