São Paulo, sexta-feira, 13 de janeiro de 1995
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Acidente aéreo mata 52 na Colômbia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um avião caiu em um pântano próximo à cidade de Cartagena, na Colômbia, matando 52 pessoas.
Só uma menina de nove anos sobreviveu ao acidente, ocorrido na noite de anteontem.
O DC-9 da Intercontinental saiu de Bogotá às 18h40 (22h30 de Brasília) rumo à Cartagena.
A dez minutos de seu destino, às 19h40 (23h40 de Brasília), já tendo obtido permissão para baixar sua altitude para a aterrissagem, ocorreu o acidente, que é o primeiro desastre aéreo de 1995.
As causas da queda não foram esclarecidas. Inicialmente se pensou que o acidente poderia ter sido causado por uma bomba.
O comandante de outro avião que voava próximo relatou ter ouvido uma explosão quando o DC-9 estaria a 4.300 metros do solo.
Mas não foi isso que disseram as testemunhas que estavam no chão. Segundo elas, o avião explodiu ao tocar o solo.
Teria portanto caído por outro motivo, explodindo em consequência do contato com o chão.
Como as vítimas estavam próximas uma das outras, essa hipótese é mais provável do que a de uma explosão no ar, que teria feito com que os corpos se espalhassem por uma área maior.
Mas ainda não se sabe o que poderia ter levado o avião a perder altitude. Ao pedir autorização para aterrissar, o piloto não reportou nenhuma anormalidade.
O diretor da Departamento de Aviação Civil da Colômbia, Álvaro Raad, disse que pedirá ajuda aos Estados Unidos para determinar as causas do acidente.
Arturo Ramos, um camponês que ajudou a resgatar a menina, disse que viu uma grande explosão e chamas, imaginando ser uma bomba que havia explodido.
A única sobrevivente é Erica Delgado, que perdeu no acidente os pais e um irmão mais novo. Ela foi jogada para fora do avião e caiu sobre um "colchão" de algas.
A menina sofreu fraturas em um braço e uma perna, além de várias lesões. Os médicos dizem que ela ainda está sob tratamento intensivo, mas está fora de perigo.
Ela chora muito e perguntou várias vezes no hospital pelos pais e o irmão mortos no acidente.
"Para quem conhece algo sobre aviação, é praticamente um milagre para nós, um milagre de Deus ter um sobrevivente em um acidente como esse", disse Raad.
Como ainda estava escuro e o acidente ocorreu em um pântano, o resgate foi muito difícil.
Mais de 400 policiais, soldados, membros da Cruz Vermelha e voluntários trabalharam durante a noite com lanternas e geradores para retirar os corpos do local.
Um dos camponeses que ajudou no resgate disse ter visto vários cadáveres decapitados, despedaçados e irreconhecíveis.
A Rádio Cadeia Nacional noticiou que três passageiros eram espanhóis e os demais colombianos.
O presidente Ernesto Samper lamentou ontem o acidente, enviando mensagem de condolência às famílias das vítimas.
Foi o acidente mais grave na Colômbia desde 19 de maio de 1993, quando um avião se chocou contra uma montanha, causando a morte de 132 pessoas.
Especialistas afirmaram que o país é um dos mais perigosos do mundo para a aviação devido às deficiências no controle do tráfico aéreo, precariedade dos instrumentos de navegação e violações às normas de segurança.

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