São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Turistas do interior trocam praia pelo rio Tietê

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

O rio Tietê está se transformando na nova "praia" para o turismo de verão dos moradores do interior do Estado de São Paulo.
Isso é resultado do interesse que o rio vem despertando depois da inauguração em 1994 da hidrovia Tietê-Paraná.
Todos os finais de semana, milhares de pessoas estão lotando pelo menos dez praias artificiais existentes ao longo do rio, entre Botucatu e Pereira Barreto, numa extensão de 400 quilômetros.
Vindos de mais de 200 cidades existentes ao longo das duas margens do Tietê, os turistas vão atrás de sol, pescaria e descanso.
A prainha de Iacanga (395 km a noroeste de SP) é ocupada em média por 3.000 pessoas nos finais de semana, segundo a prefeitura.
O diretor de Obras de Iacanga, Carlos Eduardo Doro, 31, afirmou que o interesse pelo turismo às margens do Tietê é uma coisa nova. "Muitos dos que vêm aqui, passavam o verão no litoral. Mas a Baixada Santista está a 500 km de distância e lá tudo é muito caro."
A areia foi trocada e a área está sendo urbanizada. Além disso, os turistas terão à disposição um camping para 150 barracas. Na praia, estão sendo instalados quiosques e churrasqueiras.
"Partimos do princípio de que quem é bem tratado volta sempre e traz dinheiro para movimentar a economia da cidade", disse Doro.
O vendedor Flávio Henrique dos Anjos, 21, trocou as praias do litoral pelas prainhas do Tietê. "Não preciso viajar para tão longe e encontro em qualquer praia da região conforto e lazer a custo bem reduzido", afirmou.
Nos restaurantes da praia de Iacanga é possível fazer uma refeição à base de peixe frito ou ensopado por R$ 5,00 em média.

Barra Bonita
Há 23 anos, Barra Bonita (308 km a noroeste de SP), situada às margens do rio Tietê, descobriu que o turismo seria uma atividade interessante para a cidade.
Transformada em estância turística, Barra Bonita deve receber neste ano 300 mil visitantes, que movimentarão R$ 4,8 milhões, segundo a prefeitura.
O diretor de Turismo de Barra, Wilson da Silva, 29, disse que a maioria dos visitantes vem de cidades do interior paulista. Mas a hidrovia tem atraído turistas de Estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Bahia.
O principal programa em Barra Bonita é passear em barcos pelo Tietê e fazer a eclusagem na usina hidrelétrica da Cesp (Companhia Energética de São Paulo).
A eclusagem é uma operação semelhante à realizada no Canal do Panamá, para a passagem de navios do mar do oceano Pacífico para o do Atlântico. Durante a operação, o navio atravessa a usina hidrelétrica de Barra Bonita.
Esse passeio custa R$ 17, incluindo almoço a bordo dos navios, que em cada viagem transportam até 500 pessoas.

Águas limpas
O Tietê que corta a maior parte do interior paulista é bem diferente do rio conhecido na Grande São Paulo e destruído pela poluição.
Em suas águas podem-se pescar peixes como tilápias, curvinas e mandis. Em Barra Bonita, há até uma cooperativa de pescadores.
Nas regiões de Jaú, Pederneiras e Araçatuba, antigas fazendas estão sendo loteadas para a formação de condomínios de chácaras de lazer. A Village Imóveis, de Itapuí, lançou um condomínio com 403 chácaras e vendeu 380 terrenos.
Cada terreno, com 450 m2, custa R$ 3.000 à vista. "A maioria dos compradores vem de fora", afirmou a corretora Cláudia Chichetto, 23.
Hoje, o Tietê é navegável em quase 400 km. A hidrovia Tietê-Paraná tem mais de 1.040 km de extensão.

Texto Anterior: 3,8 mi lêem o jornal nos EUA
Próximo Texto: Empresário aposta no luxo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.