São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Calma volta após "terremoto cambial"

DA "AGÊNCIA DINHEIRO VIVO"

O fim do compulsório de 15% sobre os Adiantamentos de Contratos de Câmbio (ACCs) aumentará a liquidez no mercado monetário. Maior quantidade de dinheiro em circulação produz o efeito clássico: a redução dos juros.
Mas o próprio mercado tenderia a se ajustar: os exportadores antecipariam seus contratos para aplicar no CDI-over; a maior oferta de dinheiro reduziria o juro do interbancário, o que desestimularia novas antecipações de câmbio.
Começou a ser desenvolvido no mercado o raciocínio de que o BC não precisaria mais sustentar o over em patamar elevado por causa do México e da Argentina.
Suspeita-se que o presidente dos EUA, Bill Clinton, não teria usado de mera retórica tranquilizadora ao garantir que fará "tudo o que for necessário" para ajudar o seu parceiro do Nafta. Isso incluiria um megacrédito de US$ 40 bilhões.
E a Argentina resolveu radicalizar e aprofundar a dolarização, numa demonstração de que o peso não será desvalorizado.
Ao reduzir o over esta semana dos 4,58% com os quais abriu o mês para 4,47%, o BC mostrou à comunidade financeira internacional que o Brasil não está incomodado com a crise mexicana.
Sobraria só um fator de pressão sobre os juros domésticos: o compulsório de 30% sobre depósitos a prazo e de 15% sobre o crédito em geral. Se as taxas dos CDBs caírem muito, opte por fundos de renda fixa clássicos com carteiras recheadas de CDBs antigos.
Apesar dos juros do CDI permanecerem acima dos do over-selic, os fundos de renda fixa-DI não estão repassando esta vantagem aos cotistas. A rentabilidade bruta projetada para as carteiras DI equivale a 97,4% do CDI, enquanto o fundo de renda fixa tradicional sinaliza 98,44% do interbancário.
Para quantias acima de R$ 500 mil dá para armar uma operação de CDB com swap em CDI, com ganho bruto entre 99,5% e 99,8% do CDI. Para quantias menores, o melhor são os fundos tradicionais.
Até o Plano Real, os fundos DI eram os que tinham a rentabilidade mais próxima da variação do CDI. Seu rendimento girava ao redor de 99,5%. De julho para cá, porém, o lucro bruto despencou.
O fundo de renda fixa tradicional foi quem lucrou. Como concentra aplicações em papéis prefixados, tende a ganhar quando os juros entram em rota descendente. Algumas vezes no ano passado chegou a superar a variação do CDI. O ganho em geral estava ao redor de 98,5% do CDI.
A tributação de 10% sobre o lucro nominal, introduzida na virada do ano, igualou as condições de todos os fundos e acabou com a vantagem do commodities.
A vantagem do commodities na indústria de fundos agora limita-se à liquidez diária depois da carência de 30 dias.

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