São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Recursos externos devem ficar mais caros

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na semana passada, o Banco ABC-Roma foi informado por um banco norte-americano da viabilidade de grandes empresas e instituições financeiras brasileiras voltarem a lançar eurobônus para captar recursos no exterior.
Segundo o vice-presidente do ABC-Roma, Alfredo Neves Penteado de Moraes, a avaliação do banco norte-americano é de que não há uma crise de confiança no fluxo de pagamentos do Brasil.
A consulta foi feita depois que o ABC-Roma foi autorizado pelo Banco Central, no início da semana passada, a fazer um lançamento no valor de US$ 50 milhões.
A captação de recursos externos por meio de lançamentos de eurobônus no mercado internacional está paralisada desde dezembro, por dois motivos. Um deles é o Banco Central, que não vem autorizando tais lançamentos. O segundo motivo foi a turbulência no mercado financeiro internacional por causa da crise do México.
A autorização dada ao ABC-Roma surpreendeu Pieter Eemsing, diretor-presidente do banco holandês ABN-Amro Bank, que está com um lançamento de eurobônus no valor de US$ 100 milhões na fila de espera do BC.
Ele disse ter sido informado pelo BC de que a autorização de novos lançamentos de papéis privados no exterior está condicionada à venda de títulos do Tesouro Nacional que o governo quer fazer no mercado internacional, no valor de US$ 1 bilhão a US$ 3 bilhões.
Eemsing disse achar que, após a crise do México, "o apetite do mercado internacional pelos papéis brasileiros não será tão grande como era até o ano passado".
Na opinião do diretor-presidente do ABN-Amro, a captação de recursos no exterior pelas empresas e bancos brasileiros deverá encarecer, porque os investidores estrangeiros vão exigir rentabilidade maior do que cobravam até o início do mês passado.
O diretor de mercados emergentes do Banco BBA Creditanstalt, Felipe Xavier, disse não ter dúvidas de que as taxas vão aumentar. Para ele, a evidência disso é a queda no valor de face dos eurobônus já emitidos e negociados no mercado secundário internacional.

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