São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Bolsa paulista subiu 25,5% em três dias

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

O índice Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) acumulou alta de 25,5% nos últimos três pregões. Mesmo assim, a desvalorização acumulada das ações mais negociadas na principal Bolsa brasileira desde o início da crise do México, em 19 de dezembro último, ainda é de 16,64%.
O baixo volume de negócios e a cotação dos contratos de Índice Bovespa futuro com vencimento em fevereiro fazem os analistas duvidarem da consistência das altas do mercado à vista após a chamada "terça-feira negra" (último dia 10).
Raymundo Magliano Neto, da corretora Magliano, observa que, no pregão da última sexta-feira, o índice Bovespa à vista fechou em 41.038 pontos, enquanto nos contratos futuros de fevereiro ele fechou em 41.300 pontos, ou seja, com expectativa de valorização de apenas 0,64% no período.
Os operadores dizem que a recuperação dos últimos dias foi sustentada pelos fundos de pensão de estatais e pela subsidiária do BNDES, a Bndespar.
Manoel Maceira Coto, administrador de fundos do Banco Tendência, diz que desde quarta-feira última houve uma reversão de tendência nos negócios, com a volta gradual dos investidores estrangeiros aos mercados de capitais dos países latinos.
Ele acha, no entanto, que a recuperação rápida nas cotações costuma "chamar realização", ou seja, os investidores vendem papéis para apurar lucros.
Os dirigentes entendem que as expectativas para a economia brasileira este ano são positivas. O mercado trabalha com a perspectiva de queda nas taxas inflacionárias e de juros nos próximos meses. A perspectiva é também de uma safra de balanços anuais com rentabilidade satisfatória, principalmente das empresas de bens de consumo.
O mercado acionário saudou também nos últimos três pregões a eliminação do compulsório de 15% sobre os Adiantamentos de Contratos de Câmbio. A medida deve melhorar a rentabilidade das empresas exportadoras.
Clarice Pechman, diretora da Anecc (Associação Nacional de Empresas Credenciadas em Câmbio), diz que a redução no custo de financiamento das exportações com essa medida deve compensar o encarecimento das linhas de crédito internacionais, por causa do aumento da incerteza em relação aos países da América Latina.
"Face à visível dificuldade, pelo menos no curto prazo, de atrair investimentos estrangeiros, especialmente os de caráter mais duradouro, a opção de atingir superávits comerciais (exportações superando as importações) não deve indicar uma mudança de percurso, mas apenas uma adequação à nova conjuntura cambial do país", diz Clarice Pechman.
A Comissão de Valores Mobiliários desmistificou a tese de que as pesadas baixas nas Bolsas brasileiras eram causadas pela fuga maciça de investidores estrangeiros para cobrir prejuízos no México.
Os dados da CVM mostram que a saída líquida (entradas e retiradas) de dinheiro externo das Bolsas atingiu apenas US$ 15,81 milhões em dezembro último. A Bolsa paulista estimava que as retiradas seriam da ordem de US$ 300 milhões em dezembro.

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