São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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São Paulo dispensa dois jogadores vitais

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Afinal, o que deu no São Paulo? Era o único time no Brasil que se dava ao luxo de ter quatro jogadores de alto nível para a lateral-direita, posição vital no futebol moderno (que o digam Palmeiras e Corinthians, para ficarmos só com o trio de ferro). A saber: Cafu, Vítor, Pavão e Válber, o curinga que atuou muito por aí no Fluminense e no Botafogo carioca.
Válber não quer mesmo ficar no Morumbi; Vítor foi dado de presente de Natal ao Corinthians, e Cafu, inesperadamente, embarca para a Espanha. Sobrou Pavãozinho, um jogador em formação.
A ida de Cafu era só uma questão de tempo, pois trata-se de um dos mais completos jogadores do mundo, capaz de atuar nas laterais, no meio-campo e no ataque com a mesma desenvoltura.
Dono de um vigor físico e uma velocidade espantosos, Cafu só não foi titular da seleção na Copa por teimosia de Parreira. Apesar disso, foi coroado outro dia ainda pela imprensa uruguaia o melhor jogador do mundo no ano que findou.
Na flor da idade, com menos de 25 anos e carregando na bagagem o tetra e o bi mundial de clubes, seu passe custou US$ 3,5 milhões, uma bagatela no mercado do Primeiro Mundo do futebol.
Claro que clube nenhum segura jogador, se ele quer se transferir. E esse parecia ser o caso de Cafu, desde 94, quando se aborreceu com a diretoria por não ter sido negociado com o futebol europeu, numa transação meio nebulosa (o jogador disse que tinham interesse nele, o clube negou), ainda nos tempos de Pimenta.
Nesse caso, então, por que se livrar tão rapidamente e a preço de banana de Vítor, cujo único problema no tricolor era ser reserva permanente?

Por falar em Vítor e no Corinthians, o Parque São Jorge está se enchendo de ex-tricolores. No meio da semana, chegaram mais dois: Elivélton e Bernardo.
Elivélton é aquele ponta-esquerda revelado por Telê no início da grande caminhada tricolor em direção aos títulos do início da década. Rápido, driblador, estreou na seleção de Parreira meio por acaso e, logo de cara, ganhou a posição.
Jogou uma barbaridade nos primeiros amistosos. Depois, brigou com Telê, foi reserva no São Paulo e ainda assim Parreira insistiu com ele, mas tamanha era a pressão da mídia que o rapaz não resistiu. Vendido para o Japão, volta ainda jovem.
Não sei se terá força para dar a volta por cima. Mas sei que Mário Sérgio gosta de seu futebol. Tanto que, como comentarista, recomendava a Telê colocá-lo como lateral-esquerdo, como Roberto Carlos no Palmeiras. Que ninguém se assuste se Elivélton preencher esse espaço em branco (sem trocadilho) do Corinthians.
Quanto a Bernardo, sei que surgiu no Marília como uma promessa, confirmada no São Paulo do Cilinho: com quase 2 m de altura, marcava e saía jogando como gente grande. Depois, rodou mundo até ser chegar ao Bayern de Munique, onde amargou longa reserva. Se jogar ainda o que jogava no São Paulo, sai de baixo.

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