São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Romário sozinho não é solução para o Flamengo

Do que se falou nesta semana foi a contratação de Romário pelo Flamengo. Só não se discutiu se o jogador resolverá os problemas do clube.
Romário é um bom jogador, provou isso na Copa do Mundo, mas sozinho não vai mudar o time. Pode é trazer problemas, porque sei das dificuldades de trabalhar com jogadores de salários muito diferentes.
Outra adversidade é a falta de dinheiro para contratar quem possa auxiliá-lo. Se paga tanto por um atleta que falta dinheiro para outros, como o Válber.
Como marketing é um bom negócio. Espero que, com ele, a torcida flamenguista retorne aos estádios.
É uma verdade que essa contratação vai motivar e levantar o futebol do Rio de Janeiro. Veja o Vasco. Mesmo com uma equipe definida, praticamente formada em casa, falam em contratar o Bebeto. Isso motiva. Os outros times vão mal, mas já se mexeram.
No ano passado o Flamengo não venceu nenhum torneio e em 95 o Vasco vai tentar ganhar um tetracampeonato, título inédito no Estado. Isso pesa.
O Flamengo talvez nem mesmo precisasse investir tanto dinheiro em um nome tão grandioso. As divisões inferiores têm conquistas importantes.
Quando me procurou, o atual presidente do Flamengo, Kleber Leite, disse que sua maior preocupação era fazer o "Centro do Urubu", para o treinamento das divisões de base.
Apenas com uma parte desse dinheiro já dava para construir o Centro de Treinamento. Eles querem levantar um shopping lá. A contratação pode ser válida, mas não tem retorno.
O que eles aproveitarão do Romário? Suas atuações, porque, em uma negociação futura, não terão proposta idêntica.
Acredito que nem o Palmeiras, mesmo com a Parmalat, possa pagar US$ 4,5 milhões, se é que o valor é este mesmo.
O Flamengo veio para a Copa São Paulo e venceu na estréia, contra o Santos. É uma boa equipe, mostrou que tem boa base, embora eu acredite que a final do torneio será disputada entre dois paulistas.
Como se previa, os times de São Paulo saíram na frente.
Só vi a primeira rodada desse torneio –que, acredito, manterá sua tradição de revelar novos valores–, já que fui convidado para treinar a equipe do árabe Mohamed al Jawad, que era o capitão de seu país na Copa dos EUA, em seu jogo de despedida, que acontece hoje e precisei viajar.
Na outra oportunidade em que participei de uma comemoração como essa, o atleta ganhou sete carros e sorteou cinco para a torcida.

Telê Santana, 63, técnico do São Paulo, escreve aos domingos nesta coluna

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