São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Preço do aluguel vai subir mais

ROBERTO CAPUANO

Todo o mercado imobiliário entra em uma fase das mais promissoras, com um aquecimento de vendas que inicialmente atingiu os novos e hoje atinge os usados residenciais e também os imóveis de lazer.
Infelizmente, as boas notícias não se estendem ao mercado de locação, ao contrário.
O aquecimento nas vendas teve como reflexo, nos últimos seis meses, uma alta de preços em torno de 15%.
Um aumento causado pela mudança do indexador (dólar), que durante muitos anos foi utilizado pelo mercado, substituído pelo real.
A resistência dos compradores em aceitar essa mudança foi vencida pelo aumento da procura.
Nos próximos seis meses, é de se esperar mais outro tanto de aumento. A velocidade de vendas dos imóveis novos faz subir o preço da mão-de-obra, de material e terrenos e também as margens de lucro dos empreendedores.
Como o aluguel é calculado sobre o preço de venda, pode-se prever maiores dificuldades para os inquilinos.
Dificuldades que são aumentadas pela crise de oferta, que continua sem qualquer sinal de solução pela resistência das autoridades em criar estímulos para quem compra para alugar, e maximizadas pelas intervenções desastradas e não corrigidas que trazem total insegurança para o investidor.
Na outra ponta, aumenta cada vez mais a procura, pois a impossibilidade de comprar transforma todos em inquilinos potenciais.
O preço dos aluguéis, que já está muito acima da média histórica de 0,5% do valor do imóvel, chegando por vezes ao dobro, não vai parar por aí. A criação de linhas de financiamento para imóveis usados torna-se uma emergência.
A implantação da Caderneta de Poupança Habitacional, velha reinvidicação dos corretores, pode ser a solução.
Através de pequenos financiamentos individuais permitirá o acesso ao primeiro imóvel e fornecerá, inclusive, a produção de unidades baratas, não só por grandes empresas, mas também por pequenos construtores.
Garantindo um fluxo constante, quantificado e definido de consumidores, permitirá a utilização de novas tecnologias para a produção em escala.
Com o comando do mercado passando para o consumidor com dinheiro na mão, teremos melhores preços e qualidade em função da concorrência.
Além disso, acontecerá uma geração de empregos constante e duradoura pela ativação da indústria imobiliária.
Ao contrário do que se divulga, o financiamento para a produção de novos gera empregos apenas enquanto dura a obra.
O financiamento ao consumidor, irrigando a base do mercado e gerando um efeito sequencial de vendas e compras, ativa todo o mercado.
Outra emergência é a volta dos loteamentos populares, que sempre foram o caminho mais curto da casa própria, conjugado com o financiamento de materiais de construção.
É inútil tentar legislar em um regime de cobertor curto sem estancar o aumento cada vez maior de novos candidatos a inquilino. E a única forma é permitir o acesso à moradia.

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