São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995 |
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Gazel da terrível presença
GARCÍA LORCA Eu quero que a água fique sem leito.Eu quero que o vento fique sem vales. Quero que a noite fique sem olhos e meu coração sem a flor de ouro; que os bois falem com as grandes folhas e que a minhoca morra de sombra; que brilhem os dentes da caveira e os amarelos inundem a seda. Posso ver o pesar da noite ferida lutando enroscada com o meio-dia. Resisto a um ocaso de verde veneno e aos arcos rotos onde sofre o tempo. Mas não ilumines tua límpida nudez como um cacto negro aberto entre juncos. Deixa-me ansioso por obscuros planetas, mas nunca me exibas tua cintura fresca. Tradução de AUGUSTO MASSI Texto Anterior: Dois melancólicos e um irônico Próximo Texto: Gacela de la terrible presencia Índice |
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