São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995 |
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Do México até o Brasil
HORÁCIO COSTA
A partir da Espanha, onde García Lorca e Luís Cernuda abriram o precedente, o fenômeno se alastra a Cuba, onde, ao redor de Lezama Lima e da revista "Orígenes", que Lezama dirigiu, nomes como Lydia Cabrera, Eugênio Florit e Gastón Baguero trabalharam a vertente literária homoerótica. No México, no grupo da revista "Contemporáneos", mencione-se Xavier Villaurrutia e Salvador Novo. A partir desta época, principalmente nesses dois países, uma série de literatos seguiu o veio aberto na época das vanguardas dos anos 20 e 30. No caso do México pós-revolucionário, assim como no da Cuba castrista, a assunção do discurso gay coincide com uma postura moral, de crítica a uma mentalidade machista transformada em razão de Estado. Xavier Villaurrutia (1903-1950) viveu por alguns anos nos Estados Unidos. Sobre "Noturno de Los Ángeles", aqui traduzido pela primeira vez em português, o crítico norte-americano Eliot Weinberger diz ter sido "o primeiro poema bom" escrito naquela cidade, já nos anos 30. Ironicamente, por um mexicano e em espanhol. No caso do cubano Severo Sarduy (nascido em 1937 e morto em 1993 de complicações relativas à Aids), assim como no de seu compatriota, o romancista Reinaldo Arenas (também morto há três anos pela mesma doença), o tema homossexual é trabalhado em muitos níveis e sempre com excelente rentabilidade estética. A obra polifacética de Sarduy, não de todo conhecida no Brasil, é um cadinho de experimentação literária; no soneto aqui traduzido, a vertente neobarroca, a dicção gongorizante se presentifica. Manuel Ulacia é um dos nomes mais importantes da poesia mexicana atual. Além de Arabian Knight, outro livro seu, "Origami para um Dia de Chuva", trata do tema da construção da identidade homossexual. Texto Anterior: EUA; FRANÇA; ITÁLIA; REINO UNIDO Próximo Texto: Noturno dos Anjos Índice |
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