São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Um caso singular da poesia italiana atual

MARIA BETÂNIA AMOROSO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Sandro Penna é um caso particular dentro da tradição poética italiana. Em 1939, aos 33 anos, publica seus primeiros poemas. Morreu em 1977.
Embora inicialmente apoiado por um grande poeta, Umberto Saba, e posteriormente reconhecido pela crítica, continua a viver no mais total anonimato e na quase miséria por toda sua vida.
Quando surge, Penna destoa sobremaneira dos seus contemporâneos: mantém-se distanciado de qualquer preocupação formal e teórica. Seus poemas, de estrofes curtas e temas eróticos, são comparados aos dos líricos gregos e sua figura, tida como excêntrica e anárquica, alimenta a imagem de uma poesia espontânea, quase um dom natural do poeta.
Havia uma estreita relação de amizade entre Pier-Paolo Pasolini e Penna: em 1960, Pasolini escreve dois famosos ensaios sobre o poeta (em "Passione e Ideologia") e passa a considerá-lo como o melhor lírico italiano do século.
Além da poesia, os dois encontravam-se também no amor pelos meninos, no jogo de quem conseguia mais conquistas. Lendo os poemas de ambos porém a diferença desse amor é clara: enquanto Penna, segundo o próprio Pasolini, os ama na sua feminilidade, Pier Paolo os procura para um embate físico entre corpos.

Texto Anterior: Em tempos de peste
Próximo Texto: AKHMATOVA; POESIA
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.