São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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"Raio da morte" no espaço torna real a ficção

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O raio da morte está de volta: um poderoso laser químico que está praticamente pronto para ser lançado ao espaço depois de ter sido alvo de críticas durante o projeto Guerra nas Estrelas.
O projeto, idealizado pelo então presidente dos EUA, Ronald Reagan e cujo nome oficial é Iniciativa de Defesa Estratégica, previa a construção de uma poderosa arma química capaz de desintegrar mísseis inimigos no espaço.
"Gostem ou não, isto é real", disse Ângelo Codevilla, ex-assistente do Comitê de Informação do Senado norte-americano. Codevilla foi um dos colaboradores do projeto.
Desde que começou, há 15 anos, o projeto do laser Alfa –chamado de "raio da morte"– já consumiu US$ 1 bilhão.
Ao contrário de outros tipos de laser, resultantes da amplificação da luz filtrada e direcionada por um gás ou um cristal, o raio da morte resulta de uma reação química.
A energia química é liberada através da queima do gás hidrogênio com um outro gás, muito tóxico e altamente corrosivo –o flúor.
Esse último elemento é considerado o mais reativo da natureza. Assim, para evitar problemas decorrentes do seu manuseio, ele é feito momentos antes de ser usado a partir da combinação de três substâncias: deutério, hélio e trifluoreto de nitrogênio.
Parte de sua potência de fogo resulta de um complexo jogo de espelhos chamado de sistema LAMP (sigla em inglês de "Programa de Espelhos Avançados"). O maior desses espelhos chega a quase quatro metros de diâmetro.
O laser (sigla em inglês de "amplificação de luz por emissão estimulada de radiação") passa por uma série de reflexões nos espelhos até atingir uma potência máxima de 2,2 milhões de watts. Nesse momento, o raio fica mais quente que a superfície do Sol.
Apesar de pertencer ao projeto "Guerra nas Estrelas", o raio da morte não se parece em nada com as armas da saga homônima do cineasta norte-americano George Lucas.
Ao contrário dos usados no cinema, o laser Alfa não pode ser visto. Isso se deve ao fato dele operar com um comprimento de onda de 2,7 micrometros (um micrometro equivale à milionésima parte de um metro).
Radiações como esta estão na faixa infravermelha do espectro eletromagnético, invisíveis para o ser humano.
O equipamento é efetivo apenas no espaço. O laser Alfa não consegue penetrar na atmosfera terrestre a uma altura inferior a 8 km acima do solo.
Dessa forma, os mísseis que eventualmente serão destruídos pela arma espacial precisam estar na alta atmosfera. Se voarem a baixas altitudes, o laser Alfa perde sua utilidade.

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