São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Polêmica do cigarro; Coelho x Lasch; Afogando em números; Jantar de ruralistas

Polêmica do cigarro
"Excelente, sob todos todos os aspectos, o debate Clóvis Rossi x Gilberto Dimenstein sobre fumo e drogas na edição de 13/01: democrático, respeitoso, cordial, franco e de alto nível. É a Folha em um de seus melhores momentos. Parabéns aos dois, ao jornal e a nós, leitores. Mas, Gilberto está certo; Clóvis está errado..."
Ademar Freire Maia (São Paulo, SP)

"Respeitando a opinião do sr. Mauro Borges (13/01), que discordou da minha (10/01), quero deixar claro que não sou fumante, mas sei que a publicidade de cigarros gera milhares de empregos e a indústria do fumo paga bilhões em impostos ao governo. Acredito que o brilhante dr. Adib Jatene passe a ter uma visão social da questão e use seu poder e inteligência para tirar o sistema de saúde brasileiro do atoleiro, em vez de preocupar-se em eliminar propagandas e, consequentemente, empregos."
Gracindo Caram (São Paulo, SP)

Coelho x Lasch
"Considerei lamentável o artigo de Marcelo Coelho sobre Christopher Lasch, na Ilustrada (11/01). Infelizmente, é difícil manifestar todas minhas discordâncias em tão pouco espaço. Em primeiro lugar, lamento que se desconheça no Brasil sua monumental obra do início desta década, 'The True and Only Heaven –Progress and Its Critics', de mais de 500 páginas. Ali, discute longamente as tradições culturais ocidentais alternativas à 'cultura do progresso', de modo que o articulista erra o alvo seja ao desconhecer a fina crítica de Lasch à 'Kulturkritik', seja ao associá-lo, sem qualificações, à defesa do 'american way of life' –sabe-se lá o que o colunista queira representar com esse termo. Aliás, Lasch estuda em 'Progress and Its Critics' a formação histórica de tal 'modo americano de viver', e a insossa substituição dos ideais republicanos dos 'pais fundadores' da nação americana pelo compromisso ilimitado com o mero auto-engrandecimento pessoal, a qualquer custo, como norma de orientação de conduta."
Pedro Paulo Zahluth Bastos (Campinas, SP)

Afogando em números
"Li a coluna do ombudsman 'Afogando em números' publicada pela Folha no dia 1/01 e fiquei fascinado por sua percepção em relação à exatidão dos números. Como um futuro estudante de engenharia, eu me interesso bastante com esta precisão numérica e farei uma observação que talvez lhe ajude para tal precisão com os números. A respeito do texto 'A multiplicação dos padres', em minha opinião, considerei-o de uma inteligência insuperável. Porém, como um leitor atento, percebi que o aumento de noviços foi publicado como 9,26, o que na verdade seria de 9,27, sendo que efetuando-se a divisão de 593 (aumento absoluto de seminaristas) por 64 (número inicial de seminaristas) obtém-se 9,265625. Reduzindo portanto este número para três algarismos significativos obtemos o valor 9,27. A aproximação se deve ao quarto algarismo ser igual a 5, o que obriga a seu adjacente acrescentar uma unidade."
Matheus Pereira Lôbo (Ribeirão Preto, SP)

"Dizendo que há mais leitores atentos do que se possa imaginar, o ombudsman faz um elogio (Folha, 1/01). Há jornalistas que consideram seus leitores simples imbecis."
Paulo Magno Guimarães (Maringá, PR)

Jantar de ruralistas
"Surpreendi-me com a matéria 'Jantar marca restrição dos ruralistas a Andrade Vieira', publicada dia 2/01. A reportagem contém inverdades, distorções e omissões. A repórter Cari Rodrigues tentou por vários meios arrancar à força uma declaração do doutor Antônio de Salvo, presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), contrária ao senhor ministro José Eduardo de Andrade Vieira sobre a sua condição de banqueiro. Paciente e didático, o presidente mostrou-lhe que a realidade dos fatos era exatamente contrária à sua pauta. E, se as relações entre a CNA e o senhor ministro não fossem boas e cordiais, jamais a entidade teria promovido um jantar em sua homenagem, com a presença dos 26 presidentes das nossas federações estaduais de agricultura e vários parlamentares. Não bastasse essa manifestação pública de apreço, ao longo de toda a sua entrevista à repórter Cari Rodrigues, reafirmou seu ponto de vista de que não havia a menor dificuldade de relacionamento entre o setor agropecuário e o senhor ministro, afirmando: 'Ele é a própria santíssima trindade, a síntese do banqueiro, do político e do agricultor', atividades que nós, da CNA, respeitamos, admiramos e todas elas importantes para o desenvolvimento do país. A repórter anotou, disse ter achado a declaração interessante, mas não foi isso que publicou. Parece-me que a matéria foi tão equivocada que não só embaralharam e distorceram as informações do dr. Antônio de Salvo, como trocaram a sua própria identidade. Ao contrário do que afirma essa Folha, não é ele quem está na foto, mas sim o presidente da Federação de Agricultura do Estado do Maranhão, sr. Raimundo Coelho."
Ingrid M. S. Rocha, assessora de Comunicação da Confederação Nacional da Agricultura (Brasília, DF)

"Pelo grande respeito e admiração que tenho por este conceituado jornal, tomo a liberdade de comunicar meu protesto pelas informações contidas na reportagem 'Jantar marca restrição dos ruralistas a Andrade Vieira' publicada na edição de 12/01. A matéria contém inverdades e até uma declaração que jamais dei a ninguém, muito menos para qualquer jornalista na ocasião do jantar. Me espantei ao ler a reportagem pois não sei como a repórter conseguiu a minha afirmação de que o ministro Andrade Vieira poderia ser o interlocutor dos produtores junto à Federação Brasileira dos Bancos. Tenho plena convicção de que ele poderia sim atuar nesta posição com capacidade e experiência suficientes para isso, mas eu nunca fiz tal afirmação em momento algum como liderança do setor rural."
Antenor Nogueira, presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (Goiânia, GO)

Resposta dos jornalistas Cari Rodrigues e Daniel Bramatti – Não há inverdades, distorções ou omissões na reportagem. A assessora de comunicação da CNA talvez preferisse um texto oficialesco. Mas o fato é que as desconfianças entre o ministro da Agricultura e os agropecuaristas pontuam todas as conversas, até mesmo as oficiais. A legenda da foto que ilustrava a notícia de fato contém um erro (veja a sessão Erramos abaixo). Quanto à declaração de Antenor Nogueira, ele a fez a um interlocutor, em diálogo paralelo, durante o jantar. A seu lado, a repórter pôde ouvir.

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