São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995
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Palavra de Bailarina

CLAUDIA GONÇALVES

A coreógrafa baiana Gisela Rocha, 32, fez língua, saliva e cordas vocais entrarem na dança. Em seu novo espetáculo "Das" –em exibição até 22 de janeiro no teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo–, além de dançarem, os bailarinos também falam. "São textos curtos e simples sobre o cotidiano urbano. A palavra entra como mais um movimento", diz a coreógrafa, que há cinco anos fundou a Cia. Terceira Dança.
Hoje, além de Gisela (à direita na foto), a troupe é formada pelos bailarinos Lara Pinheiro, 27, e Marcos Gallon, 29. Com a coreografia contemporânea "Das" (o artigo neutro do alemão) eles inauguraram uma nova fase da dança no Brasil: venceram em 1994 o 1º Prêmio Estímulo de Dança, criado pela Secretaria do Estado da Cultura. "É bom que o prêmio exista, mas ainda não dá para capitalizar a dança", lamenta a bailarina e ex-nadadora Lara, que atualmente fatura como produtora.
Além do aparelho fonador, outra região que Gisela quer ver bem ativa nos bailarinos que trabalham com ela é o cérebro. "Não adianta fazer uma bela aula de balé e não ter inteligência, cultura. O bailarino acaba virando fantoche.", diz.
Os próximos passos da Cia. Terceira Dança levam ao novíssimo video-dança, gênero inédito no Brasil, que apresenta coreografias criadas especialmente para vídeo. "O olhar está mais rápido hoje. Minhas peças são curtas e frenéticas: é chato ficar sentado muito tempo. Os bailarinos costumam dizer que gosto mais de vê-los em vídeo do que no palco", conta a coreógrafa da geração videoclipe.

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