São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995 |
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De jacarés e tuiuiús
DALMO MAGNO DEFENSOR
A trilha também tinha canções de Sérgio Reis e Almir Sater, variedade rara (audível!) de música sertaneja. Além disso, a novela começava depois do jantar, naquela hora em que o corpo implora para dormir mas a gente se recusa, só para não ter a incômoda sensação de que só trabalhou. Terminado o capítulo, bastava se arrastar até o quarto. Era estranha, mas perversamente agradável, a sensação de acompanhar novela em um canal diferente. História boa, paisagem linda, e até o sotaque dos personagens era familiar –ao menos para paulistas, que não estranham pessoas rústicas falando esquisitices como "porvio" (polvilho) e "miará" (milharal). A novela "pegou" e deixou suas marcas no cotidiano: no escritório, chamávamos de "Véio do Rio" o sexagenário chefe da filial carioca. Naquele mundo devagar quase parando, poderiam ter criado poéticas analogias, fazendo ícones da velocidade renderem-se ao saudável ritmo pantaneiro. Um vaqueiro chamado Emerson tocando vacas num curral oval, o caminhoneiro Miguel Chumaço jogando cachaça na peãozada após um show de pilotagem na BR, e o boi Johnson atravessando cem metros rasos de água em busca de melhor pastagem –rápido, mas com a ajuda proibida dos "asteróides", denunciariam Juma e Muda, as incultas e belas. Texto Anterior: 'Sem 'Um Amor de Família' fico deprê'; 'Globo, produza suas próprias séries'; "'Cine Brasil' é melhor que ursos" Próximo Texto: 57; 9; 19 Índice |
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