São Paulo, domingo, 15 de janeiro de 1995 |
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Globo encontra no cinema uma Potira com cara de índia
IVAN FINOTTI
A escolhida, Dira Paes, 24, diz não ter sangue índio nas veias. Mas sua ascendência negra e portuguesa, aliada aos ares de Belém (PA), onde nasceu, lhe garantiu traços indígenas indiscutíveis. Capazes de impressionar até mesmo os verdadeiros nativos brasileiros (leia texto abaixo). Essa semelhança garantiu a estréia de Dira no cinema, há 10 anos, na produção norte-americana "A Floresta das Esmeraldas", de John Boorman. Seguiram-se outros seis longas, senão como índia, sempre como mulheres marcadamente brasileiras (leia texto na página ao lado). Para fazer Potira, Dira diz ter se inspirado "nas meninas do Norte, que são dadas às famílias mas nem sempre são criadas como filhas verdadeiras". Dira conseguiu o papel na base da insistência. "Fui três vezes na Globo procurar o diretor Luiz Fernando Carvalho e pedir o papel." Dias depois, quando filmava o longa "Corisco e Dadá" em pleno sertão pernambucano, recebeu um telefonema: "Alô, Potira?", perguntou Carvalho, anunciando sua decisão. O diretor admite que foi duro chegar até ela: "Fiz cerca de 50 testes no Norte do Brasil. Encontrava o biotipo, mas não a atriz. Cheguei a desistir." A dificuldade, segundo ele, era não querer repetir a primeira versão da novela, em que Potira era interpretada por Lucia Alves, uma branca com cara de branca. "Eram outros tempos e outra linguagem. Hoje é necessária a identificação com uma índia verdadeira", explica. Dira diz estar à vontade na aldeia global apesar do cotidiano apertado. São 15 dias de gravação em Diamantina (MG) para as externas e 15 dias no Rio, para as cenas de estúdio. "Faço uma cena entrando na casa e só vou filmar o que faço lá dentro semanas depois. É difícil não perder a lógica do pensamento da personagem." Dira está solteira. "Tenho um namorado, mas ele foi para os EUA passar um bom tempo. Ficou o amor, mas não o compromisso". E não perguntem a Dira seu verdadeiro nome, pois ela não revela de jeito nenhum. "É um nome inventado, lá do Norte. Se eu contar, os rapazes vão ficar me encarnando." Texto Anterior: MTV tem pequeno público fiel Próximo Texto: Guaranis admitem semelhança, mas não se enganam Índice |
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