São Paulo, segunda-feira, 16 de janeiro de 1995
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Nintendo declara guerra aos piratas do videogame

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Qual o principal concorrente da Nintendo no mercado de videogames? "São os falsificadores", afirma a advogada Christine Chapin, do departamento legal da subsidiária norte-americana da Nintendo.
A Nintendo, com sede no Japão, faturou US$ 4,7 bilhões dos US$ 15 bilhões movimentados pelo setor em vendas mundiais de equipamentos e cartuchos durante o ano passado.
Já a comercialização de produtos piratas alcançou US$ 3 bilhões no período, de acordo com levantamento da empresa e de fornecedores de seus programas de jogos.
"Quando os aparelhos eram de 8 bits, os piratas não se empenhavam em fazer produtos semelhantes aos autênticos", afirma.
"É incrível a qualidade das cópias de programas e equipamentos de 16 bits", acrescenta a executiva, ao exibir embalagens de cores desbotadas –um dos indícios de falsificação.
Isso se torna mais grave na medida em que reproduzir um game parece menos simples que qualquer outro programa de computador.
"Nossos chips são baseados em silício e podemos acompanhar sua produção", diz ela. Isso não tem impedido que, através de técnicas de engenharia reversa, as cópias piratas proliferem poucos meses após cada lançamento. A proporção de fitas pirateadas é três vezes superior à dos consoles.
Para uma companhia que está investindo cerca de US$ 60 milhões em publicidade neste ano e cifras não reveladas em desenvolvimento de novos produtos, agir contra os falsificadores se tornou uma prioridade.
Processos legais por infração aos direitos de propriedade intelectual movidos contra importadores foram intensificados.
Além disso, a empresa instituiu um programa anti-pirataria destinado a treinar os fiscais de alfândega sobre as características originais de seus produtos.
A Nintendo move uma ação, na corte da Califórnia, contra a TSMC, maior produtora de semicondutores de Taiwan.
Motivo: componentes produzidos por essa indústria foram detectados por um laboratório independente em equipamentos Super Ness e Super Famicon vendidos na Europa e na América Latina.
Somente os prejuízos decorrentes de cópias procedentes da China alcançam US$ 1,2 bilhão.
Nos dois últimos anos registram-se apreensões de fitas na França, Canadá, Holanda, Dinamarca e Hong Kong.

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