São Paulo, terça-feira, 17 de janeiro de 1995
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Cultura investe nos programas musicais

CARLOS CALADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A TV Cultura volta a apostar na música em 95. Pelo menos 36 musicais –comprados no exterior ou produzidos aqui mesmo– já estão escalados para irem ao ar durante os próximos meses.
Como no ano passado, a fórmula musical da emissora será bem eclética. Clássicos, música popular brasileira, algum pop e muito jazz comandam as atrações (veja o quadro ao lado).
O primeiro destaque do pacote será exibido dia 4 de fevereiro. Gravado em 1990, no famoso "night club" nova-iorquino Village Vanguard, "The Mingus Dinasty" mostra um sexteto criado em homenagem ao mestre do jazz Charles Mingus (1922-1979).
Outro mito do gênero será focalizado no dia 11. O documentário "Thelonious Monk" revive a trajetória do original pianista, morto em 1982, aos 64 anos. Entre depoimentos de vários jazzistas, o melhor mesmo vem nas performances históricas de Monk.
Também agendado para fevereiro, mas ainda sem data definida, "Carnaval dos Animais" é um programa para ser assistido junto com toda a família. Pode ser uma forma fácil de introduzir a música erudita às crianças.
Regida por Paul Dunkel, a divertida peça de Saint-Saens (1835-1921) é interpretada pela New Orchestra de Westchester. Com direito à narração bem-humorada de dois astros do cinema: Glenn Close e Jeremy Irons.
Eruditos
Por sinal, a música erudita terá bastante destaque na programação de março e abril da Cultura. A começar pelos programas dedicados a três virtuoses das cordas: Isaac Stern, Jascha Heifetz e Midori.
Uma das pérolas desse pacote é o documentário sobre o lendário Arturo Toscanini (1867-1957). Fotos antigas, filmes domésticos e históricos ajudam a compor o perfil do maestro que desafiou o fascismo, na década de 40.
A apresentação desse programa, com uma hora e meia de duração, é do regente James Levine. Entre várias raridades documentais, há o registro cinematográfico de Toscanini à frente da NBC Symphony Orchestra.
Os apreciadores da música contemporânea também foram lembrados. Para eles, o melhor do pacote é sem dúvida o documentário que revive a longa associação do compositor John Cage com o bailarino Merce Cunningham.
"Cage/Cunningham" segue a estética fragmentária dessa parceria. Depoimentos de artistas, como os pintores Robert Rauschenberg e Jasper Johns, alternam-se a coreografias, performances e bate-papos da dupla que ajudou a mudar os caminhos da arte contemporânea.
Meio solitária no pacote, a voz arrepiante de Aretha Franklin faz as honras da música pop. A maior cantora da "soul music" tem sua trajetória revisitada no documentário "Queen of Soul".
Além de entrevistas com fãs e discípulos famosos da cantora, como Ray Charles, Keith Richards, Eric Clapton e George Michael, Aretha lembra sucessos como "Chain of Fools" e "Respect".
Feras do jazz
Já os fãs do jazz não têm do que reclamar. Especialmente pelos documentários que prometem passar em revista as carreiras de dois dos mais influentes saxofonistas do gênero: John Coltrane (1926-1967) e Sonny Rollins, 65.
Outra atração jazzística é a série "Cologne Jazz House", que registra concertos no homônimo "night club" alemão, em atmosfera apropriadamente intimista.
O elenco dos 15 programas da série (todos com 30 minutos) é um "quem é quem" do jazz moderno. Entre outras, aparecem feras como Art Blakey, Tony Williams, Phil Woods e McCoy Tyner.
Embora ainda não tenha definido sua programação para 95, exceto os registros de cinco concertos da Orquestra Jazz Sinfônica, a área de produção local será mais uma vez prestigiada pela emissora.
"Vamos continuar investindo em especiais de grandes nomes da música brasileira, mas também abrindo espaço para novos valores", diz Sirlene Reis, assessora de programação. (Carlos Calado)

O articulista JOSÉ SIMÃO está em férias até a segunda semana de fevereiro

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