São Paulo, terça-feira, 17 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Consumidor cultural tem mais formas de importar

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Na cultura, a aldeia global parece a cada dia uma realidade mais palpável –e bem mais variada e estimulante do que a prevista há 31 anos por Marshall McLuhan no livro "A Galáxia de Gutenberg".
Pelo menos no pólo do consumo, a cultura está se internacionalizando e se diversificando a uma velocidade eletromagnética.
Munido só de telefone –ou, em condições ideais, de telefone, fax, computador e cartão de crédito internacional–, o consumidor cultural em São Paulo, por exemplo, pode conseguir sem muita labuta produtos estrangeiros de variados gêneros e locais.
No quadro ao lado, você encontra os números de telefones de algumas das principais prestadoras de serviços culturais da cidade.
Pode-se encomendar livros, CDs, vídeos, CD-Roms e videolasers; comprar e assinar revistas e jornais; reservar ingressos para teatro e ópera; receber canais de TV; acessar bibliotecas e arquivos.
O quadro prova que conectar-se em São Paulo com a vida cultural de outros países –sobretudo EUA e os europeus ocidentais– é cada vez mais fácil e barato (mais do que era, digamos, há três anos). A oferta é visivelmente crescente.
Mas ainda há muito por evoluir. Livros importados por livrarias, por exemplo, podem demorar dois meses para chegar até suas mãos –se a alfândega e o correio colaborarem, fato que não vem ocorrendo nos últimos meses.
Há também produtos importantes –como a "Spectator", revista cultural semanal inglesa que tem um dos melhores textos da imprensa mundial– que são impossíveis de encontrar em bancas e livrarias importadoras de São Paulo.
A importação de CDs e vídeos também tem seus problemas. Ao contrário do que ocorre no setor de livros, raras importadoras aceitam encomendas no varejo. É fácil encontrar importadoras de CDs, mas não as que trazem títulos sob pedido –o que tende a mudar.
Encomendar vídeos do exterior também é complicado: as distribuidoras vendem o que têm no catálogo de lançamentos feitos aqui.
Alternativas
Além disso, e mais importante, as lojas paulistanas vendem caro os CDs, vídeos e livros que importam. Não raro, colocam 100% sobre o preço original do produto.
As livrarias, por sinal, inventaram uma expressão –"dólar-livro"– que não tem existência real. Sua função é poupar explicações ao comprador que quiser saber por que paga tão alto pelo dólar nessas lojas. Um livro com o valor US$ 20 na capa chega a custar R$ 40 ao leitor brasileiro.
Mas as lojas que adotam essa prática devem se cuidar. Por correio tradicional (com isenção de impostos em compras de até US$ 50) ou eletrônico, por serviços privados (como o "sell-thru" –venda de vídeos direto das distribuidoras, por exemplo) e pelo cartão de crédito, o consumidor passa em muitos casos a prescindir delas, com ganhos de tempo e dinheiro substanciais.
Qualquer revista estrangeira, para citar um caso trivial, vem com um cupom que permite assinar a revista apenas colocando nele o número do cartão de crédito e o enviando ao destino.
Isso para não falar das que vêm com CDs. A excelente "Classical CD", por exemplo, que você encontra nas bancas Cidade Jardim (zona oeste) e Villaboim (região central), traz discos de música erudita de gabarito a um preço, total (CD mais revista), de R$ 10.
As grandes editoras estrangeiras também fazem ponte direta com o consumidor. De catálogo na mão (livrarias importadoras podem lhe conseguir), ele preenche um pedido e recebe os livros um mês depois, se por via aérea, ou três meses, por navio. O acréscimo (taxa de frete etc.) não excede US$ 15.
E promoções são frequentes. Um caso é o do Book of the Month Club, um clube sediado nos EUA que oferece a leitores internacionais, mensalmente, livros entre os mais vendidos, obras completas e de referência.
Pode-se adquirir, por exemplo, três livros grandes e de capa dura, que custam cerca de US$ 40 cada em livrarias dos EUA, por US$ 21 –o trio. Não há mensalidades, apenas o compromisso de comprar ao menos um título por ano.
Outro item mais frequente é o empréstimo e locação de produtos culturais. Produtos ainda incipientes no mercado cultural brasileiro, como videolasers, já podem ser alugados em São Paulo.
Há também os serviços das bibliotecas de consulados como o americano (tel. 011/881-6511) e o britânico (tel. 011/814-4155), que emprestam livros e revistas recém-publicados nos países.
Por fim, há a Internet, rede mundial de computadores que permite acesso a bibliotecas como a do Congresso americano. Por ela (leia texto ao lado), é possível pedir CDs e livros d'ultramar. Cada vez mais, navegar é preciso.

Texto Anterior: Cultura investe nos programas musicais
Próximo Texto: Saiba como comprar CDs e livros pela Internet
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.