São Paulo, quarta-feira, 18 de janeiro de 1995 |
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Votação do mínimo testa base do governo
LUCIO VAZ; DENISE MADUEÑO
O projeto da Comissão do Trabalho propõe R$ 100,00 para o salário mínimo, mas o governo admite no máximo R$ 85,00. Ministros da área econômica e assessores diretos de FHC pediram aos partidos governistas que derrubem o mínimo de R$ 100,00. O PFL e o PSDB prometiam ontem votar contra o projeto. O PMDB não tem posição fechada, mas tende a apoiar o governo. O governo argumenta que o mínimo de R$ 100,00 quebraria a Previdência Social. Contra os interesses do governo pesa o aumento dos salários dos parlamentares e do presidente da República –a votação estava prevista para ontem à noite. Líderes de vários partidos reconhecem que será "constrangedor" aprovar um aumento de quase 100% para os próprios salários e não conceder aumento para o salário mínimo. Outro fator negativo para o governo é a falta de um articulador político dentro do Congresso, para negociar o projeto com os partidos de oposição. O ex-líder do governo Itamar Franco na Câmara Luiz Carlos Santos (PMDB-SP) tentava ontem desempenhar a função de líder do atual governo. Mas mostrava desentrosamento com o Planalto. "Vou fazer um acompanhamento informal. Ainda não conversei com o presidente", disse Santos, antes de entrar para a reunião de líderes partidários. O presidente nacional do PMDB, deputado Luiz Henrique (SC), reconheceu que o aumento dos salários dos parlamentares pode influir na votação de hoje: "Pode facilitar a aprovação do mínimo, mas não sei". Anistia Os grandes partidos estão a favor do projeto que concede anistia ao presidente do Congresso, senador Humberto Lucena (PMDB-PB). Ele teve o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral por ter impresso calendários na gráfica do Senado. Será votado hoje um substitutivo elaborado pelo deputado Prisco Viana (PPR-BA). O projeto restringe a anistia aos parlamentares que usaram indevidamente a gráfica e determina o pagamento do material impresso. O projeto original era mais amplo, podendo beneficiar até os responsáveis por fraudes eleitorais no Rio de Janeiro. Com as alterações feitas, o substitutivo ganhou o apoio dos tucanos. Já estavam a favor o PMDB e o PFL, os maiores partidos do Congresso. O PPR vai liberar a sua bancada. O principal argumento dos grandes partidos é o de que a pena imposta a Lucena é muito pesada em relação ao delito. Os partidos de esquerda, cerca de cem deputados, tentarão obstruir a votação do projeto. (Lucio Vaz e Denise Madueño) Texto Anterior: Petista defende salário maior Próximo Texto: Assembléias elevam salários Índice |
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