São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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FHC oferece cargos ao PP em troca de apoio

LUCIO VAZ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso chamou ontem o presidente do PP, Álvaro Dias, ao Palácio do Planalto, e pediu que o partido indicasse nomes para cargos de segundo e terceiro escalões.
FHC disse que deseja contar com a participação do PP no governo, já que teve o apoio do partido na eleição presidencial. Ele orientou os líderes do PP sobre como devem ser feitas as indicações.
"O presidente disse que devemos indicar vários nomes, para que ele possa ter opções. Os cargos vão ser preenchidos a partir de fevereiro", disse o líder do PP na Câmara, Raul Belém (MG), que participou da audiência, à noite.
A prática do fisiologismo (troca de cargos por apoio político) foi largamente usada nos governos José Sarney e Fernando Collor. Em campanha eleitoral, FHC prometeu sepultar o fisiologismo.
A articulação do PP para conseguir cargos começou no dia 20 de dezembro. A reportagem da Folha flagrou uma reunião da bancada do PP com o líder do PFL na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (BA).
Um parlamentar do PP argumentou que não era importante para o partido garantir um ministério, mas sim cargos de segundo e terceiro escalões: "Não queremos uma Mercedes, mas sim 20 bicicletas", disse o parlamentar.
Na tarde de ontem a bancada do PP criticou o governo, porque não havia a promessa de cargos. "Ele (FHC) já resolveu o problema do PMDB, PFL e PSDB com ministérios. E o PP? O que ele pretende da gente?" –dizia o deputado Luiz Carlos Hauly (PP-PR).
Após a reunião no Palácio do Planalto, Hauly já admitia aprovar sem alterações a medida provisória que aumenta em R$ 2 bilhões a arrecadação do governo –a MP estava na pauta de votação da sessão do Congresso que ontem, às 22h45, ainda não tinha começado.
Mesmo sem ser chamado ao Palácio, o líder do PL, Valdemar Costa Neto (SP), estava tranquilo quanto ao loteamento de cargos. "Temos que ter paciência até fevereiro."
(LV e DM)

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