São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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Faxineiras de hospital de São Paulo fazem parto

DO NP

Três faxineiras e três auxiliares de enfermagem do Hospital Municipal do Campo Limpo (zona sul de São Paulo) fizeram na noite de anteontem o parto da dona-de-casa Maria de Lourdes Lima Santos, 25, no banco de trás de um Fusca, em frente ao hospital.
A dona-de-casa foi levada ao hospital por um vizinho, no Fusca. Maria de Lourdes chegou ao Campo Limpo por volta das 21h30, em trabalho de parto.
Avisada de que não havia obstetras de plantão, a dona-de-casa acabou sendo atendida no carro pelos auxiliares de enfermagem Maria Isaura, Rita Lopes da Silva e Ozias Moreno Dias, ajudados pelas faxineiras Cida Santos, Sandra Felismina e Creusa da Silva.
A criança, um menino de cerca de dois quilos, nasceu no banco de trás do Fusca, estacionado no pátio das ambulâncias do hospital. Na pressa de atender a dona-de-casa, os auxiliares de enfermagem e as faxineiras não colocaram luvas.
"Mais alguns segundos e o bebê teria sido asfixiado. Parte do cordão umbilical estava em volta do pescocinho e de um dos braços", disse a auxiliar de enfermagem Maria Isaura.
O guarda civil metropolitano Jerônimo Manoel dos Santos, de plantão no hospital, registrou o caso em um livro de ocorrências.
Segundo o guarda civil, a dona-de-casa, após o parto, ainda ficou cerca de 30 minutos no carro porque as recepcionistas do hospital teriam se recusado a encaminhá-la ao centro obstetrício.
O diretor do Hospital Municipal do Campo Limpo, Márcio Joel Éstevam, nega a participação das faxineiras e afirma que o parto foi feito apenas por duas enfermeiras.
Segundo ele, cinco médicos estavam de plantão no hospital. Ele confirma que o parto foi feito no Fusca porque a dona-de-casa chegou em trabalho de parto.
Na mesma noite, a dona-de-casa Maria Luzinete dos Santos, 26, grávida de nove meses, deixou de ser atendida no Campo Limpo por falta de obstetras. A família de Luzinete prestou queixa à polícia.

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