São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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Greve dos "cegonheiros" deixa 7.000 carros parados

Sindicato recusa reajuste proposto; paralisação continua

DA FOLHA ABCD E DA FOLHA VALE

A greve dos transportadores autônomos –os "cegonheiros"– continua hoje. O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos do ABCD recusou ontem a proposta de reajuste do frete feita pela ANTV (Associação Nacional dos Transportadores de Veículos) e manteve a greve.
A paralisação completou ontem seu terceiro dia e já deixou 7.000 carros parados nas montadoras. De acordo com o sindicato, cerca de 2.500 "cegonheiros" estão parados.
Os diretores do sindicato e da ANTV se reuniram por duas horas, ontem à tarde, para tentar chegar a um acordo.
Após a reunião, os trabalhadores em assembléia decidiram pela manutenção da greve. não há data definida para nova negociação.
O presidente da ANTV, Mário de Mello Galvão, disse que a proposta é de 12% de antecipação de reajuste do frete agora e 22% em fevereiro.
"Oferecemos estes 12% de antecipação sem consultar os clientes para saber se haveria repasse ou não e em fevereiro eles teriam os 22%", disse.
Já o sindicato dos trabalhadores reivindica reajuste de 37% sobre a tabela de frete. Hoje, eles recebem por carro transportado.
"Desde a implantação do Plano Real o frete está congelado. Acontece que os gastos de manutenção e as despesas nas estradas aumentaram", disse o diretor Humberto Nobile, 49.
Segundo ele, pelo frete até o Rio de Janeiro os trabalhadores recebem R$ 58,00 por carro.

Pátio cheio
No Vale do Paraíba, as fábricas da Volkswagen, em Taubaté, e da GM, São José dos Campos, não estão entregando seus carros às revendedoras devido à greve.
Estão parados nos pátios das empresas os 800 carros produzidos diariamente pela Volkswagen e os 530 Corsa fabricados diariamente pela GM.
A greve dos cegonheiros afeta também as revendedoras de veículos do Vale.
A Autolatina informou que até ontem havia 2.400 carros da Volkswagen parados nos pátios da empresa em São Bernardo e Taubaté.
"A vantagem é que as montadoras não estão com a capacidade total de produção", disse Galvão.
Segundo ele, se a paralisação durar mais de dez dias, as montadoras terão problemas de espaço físico para comportar os carros nos pátios.
Segundo Galvão, caso a ANTV liberasse os 12% de antecipação aos funcionários sem repasse de custos aos clientes, o prejuízo das empresas de transportes seria de R$ 100 mil.

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