São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995 |
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Regras exigirão elencos mais completos
MATINAS SUZUKI JR.
Não bastará ter uma grande equipe titular. O chamado banco de reservas –a antiga Regra 3– terá um papel nunca dantes desempenhado na história das regras consolidadas do futebol moderno. Como na canção, o menos valerá mais. As novas regras exigirão um comportamento diferenciado no uso dos jogadores em campo –aumentando bastante a escala de utilização– que, até agora, não foi suficientemente discutido. Explico-me. Como na Copa do Mundo, aumentou o número de jogadores que podem ser substituídos. Ou seja, a eventual troca de goleiros não subtrai o número de jogadores de linha passíveis de substituição. Um técnico pode mexer em 20% dos jogadores de linha. Podia. Agora entra o nem chegado e já muito falado cartão que será azul da cor do mar. O cartão azul é aquele que tira o jogador violento ou indisciplinado de campo, mas permite que ele seja substituído por outro. A idéia é punir o jogador sem punir a torcida e o time. Pois bem, agora, uma equipe pode receber até quatro cartões azuis. Isto quer dizer que ela pode fazer mais quatro substituições. Dos antigos 20% chegamos aos 60% de possíveis trocas de jogadores. Mais da metade de um time, coisa impensável nos tempos em que não era permitida substituição alguma (lembra-se do Pelé, arrastando-se em campo, nas Copas do Mundo de 1962 e 1966?). Muitas dessas substituições serão involuntárias: o jogador entra com uma dose maior de violência no adversário e é obrigado a sair. Não estava nos planos do técnico, mas ele tem que fazer a troca. Mas poderá também haver aquela "expulsão tática". O time está perdendo o jogo. O técnico quer colocar mais um atacante em campo. Chega para o lateral e pede para ele provocar a expulsão. E aí faz a substituição voluntária. Em um ou em outro caso, não importa, o que a nova regra começa a exigir é que se façam mais substituições. E mais trocas significam que o os reservas deixam de ser meros coadjuvantes. Um time passa a ter que ir para campo com, pelo menos, 18 bons jogadores. Se um técnico resolver não usar o recurso das substituições, o técnico adversário poderá usar. E modificar o jogo. Esta regra permite o início de uma míni-revolução no futebol. Como no basquete e no futebol americano, o banco de reservas será mais acionado. E aí poderá estar a chave de muitas vitórias. Mudar 60% de um time, durante um jogo, é coisa que, em futebol, só havia em jogos amistosos. Em jogos de campeonato, é novidade. Com amplas consequências técnicas e táticas. Mudar mais da metade de um time pode significar mudar radicalmente a fisionomia de um jogo. E decisões estratégicas de um time. O que será melhor: ter 11 craques titulares e 11 pernas-de-pau na reserva ou 22 jogadores de média qualidade? Você decide. Texto Anterior: Artilheiro Dodô disputará Paulista Próximo Texto: Etapa no Paraíso Índice |
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