São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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Etapa no Paraíso

CARLOS SARLI

O primeiro OP Pro fez Sodoma e Gomorra parecer programinha de criança. Fãs excitadas com a convivência inesperada, surfistas deslumbrados com a calorosa receptividade.
Organizadores, mídia, todos na base da alta ansiedade. Isso foi em Florianópolis (SC) em 1985.
Quem esteve lá sabe do que estou falando. Quem não esteve, tire suas conclusões. Picuruta faturou o título e o Circuito Brasileiro ainda nem existia.
De lá para cá, o evento foi ao Rio, voltou a Florianópolis, parou por dois anos e, ano passado, ressuscitou em Imbituba (SC) para o cenário do surfe nacional.
Agora, o campeonato, que abre a temporada brasileira e mundial (WQS), vai ao Nordeste atrás das, na opinião de muitos surfistas, melhores ondas do país. O destino é a ilha de Fernando de Noronha, que pertence ao Estado de Pernambuco e está a cerca de 345 km da costa brasileira.
A idéia de fazer um campeonato em Noronha é sonho antigo. Segundo Sidnei Tenucci Jr., o Sidão, o projeto já estava pronto desde 90, mas só agora, com apoio do governo e do turismo local, foi possível concretizá-lo.
A realização de um campeonato na ilha vem ao encontro de um anseio que há algum tempo vem sendo discutido no circuito de surfe.
Toda vez que um campeonato é disputado em ondas ridículas (boa parte deles), os surfistas, principalmente os que gostam de ondas de verdade, saem em defesa da realização dos eventos em locais consistentes, independente do público. Para isso, contam com a mídia para garantir a divulgação e o retorno do patrocinador.
Este ano, a ASP, cedendo às reivindicações, incluiu na 1ª divisão do surfe mundial (WCT) etapas em Puerto Escondido, México, e Gradjagan, Indonésia.
Os "ecofascistas" que me desculpem, mas a realização de uma etapa em Noronha tem tudo para ser um sucesso. Mesmo porque a capacidade de turistas na ilha será respeitada. Mas nem só de Noronha vai viver o campeonato.
O OP Pro Cannon começa amanhã em Maracaípe, 70 km ao sul de Recife, e só os 16 melhores carimbam o passaporte para as ondas da Cacimba do Padre ou Boldró, os mais prováveis picos do campeonato, a partir da terça-feira.
A época é a certa, o verão é quando rolam ondas grandes na ilha, mas o período de espera para a entrada de um "swell" é pequeno, no máximo dois dias. É torcer para que as ondas entrem.

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