São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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Cozinha siciliana criou o espaguete

No século 15, macarrão era sobremesa

SILVIO LANCELLOTTI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

A gastronomia deve à Sicília sua entrada na modernidade. Por causa da sua localização, no coração do Mediterrâneo, a ilha se transformou num obrigatório entreposto de mercadorias nos idos das grandes navegações. Do Oriente, por exemplo, importou amêndoas e berinjelas e introduziu no Ocidente a magia do macarrão.
Em 1134, num documento redigido em Palermo, um historiador mourisco manifestou o seu encantamento com uma iguaria batizada de "itiya", combinação de farinha, água e vinho branco, no formato de fios longos, que secavam ao vento. Tratava-se da matriz dos futuros "spaghetti", cerca de 150 anos antes de Marco Polo viajar à China.
Comia-se, então, o macarrão, com queijo de cabra, pimenta-do-reino e, no topo do prato, um ovo frito em azeite. Aos poucos, a cozinha da Sicília ampliou o prazer da massa, agregando alho, anchovas, sardinhas e suas ovas refogadas. Por volta do século 15, na Sicília se desfrutava o macarrão inclusive como sobremesa, com suco de laranja e mel.
Embora o tomate seja americano, provém de Trapani o primeiro molho vermelho de macarrão da história, uma mistura da polpa da fruta com azeite, orégano e especiarias que data do comecinho do século 17.

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