São Paulo, quinta-feira, 19 de janeiro de 1995
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Etna resume paraíso e inferno

MARIO CESAR CARVALHO

Na Sicília
Cem metros separam o paraíso do inferno no Etna, o maior vulcão da Europa, com 3.350 m de altitude. Até 1.900 m de altitude é o paraíso fertilizado pela lava: avistam-se pinheiros, castanheiras, carvalhos e figos-da-índia.
Aos 1.900 m, começa a paisagem vulcânica. Violetas e giestas floridas de amarelo nascem sobre a lava negra até perto de 2.500 m.
Dos 2.600 m ao cume, está a terra estéril, fumegante, o deserto vulcânico coberto de gelo.
O Etna, em atividade há 500 mil anos, impressiona pelo menos desde os gregos. O poeta Píndaro (522-443 a.C.) o chamava de "coluna do céu", talvez pela fumaça branca que o funde às nuvens.
Alguns números ajudam a entender o espanto: os seus 3.350 m estão situados no monte Mongibello, cujo perímetro alcança 200 km na base. Além da cratera principal, há 300 bocas laterais.
O Etna precisa despejar 4.000 toneladas de gás todo dia. Quando não atinge a cota, entra em erupção. Só nos últimos 40 anos, cresceu 80 m com o acúmulo de lavas.
É uma aventura bem-comportada chegar perto da cratera. Pega-se um teleférico aos 1.923 m e vai-se com ele até os 2.608 m. Ali, um jipe para neve leva até os 2.920 m. Pode-se caminhar até os 3.323 m.
Em 300 anos de história documentada, nove turistas foram engolidos por uma erupção em 1979.
Todo tipo de traquitana high-tech é usada para sondar o humor do vulcão: de raio laser a computador. Os sicilianos preferem uma técnica mais primitiva: rezam toda vez que o Etna começa a tremer.
(MCC)

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