São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995
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Morumbi tem rachaduras em estrutura

ALESSANDRA BLANCO; CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

A interdição do Morumbi foi determinada pelo aparecimento de fissuras (pequenas rachaduras) nos blocos de fundação que sustentam as "gigantes", colunas que dão apoio à parte superior do estádio.
O diretor do Contru (Departamento do Controle do Uso de Imóveis), Carlos Alberto Venturelli, disse que havia risco de desabamento parcial do estádio.
O São Paulo Futebol Clube, dono do estádio, nega esse risco, mas informa que com a movimentação do público em um show como o dos Rolling Stones poderia comprometer mais as estruturas.
Venturelli afirmou que o público que foi ao Morumbi nos shows de Michael Jackson, em outubro de 93, e de Madonna, em novembro de 93, correram o mesmo risco que a platéia dos Rolling Stones correria. Os shows de Michael Jackson e Maddona reuniram em média 80 mil pessoas.
Segundo Venturelli, desde junho de 93 –quando o estádio foi interditado pela primeira vez– o Contru vem cobrando um laudo conclusivo do São Paulo. Esse tipo de laudo exige a realização de testes nas fundações do estádio.
Segundo o conselheiro do São Paulo Antonio Leme Nunes Galvão, 70, o estádio vem sendo examinado por técnicos da USP há seis meses, mas só na última sexta foi decidido fazer esses testes.
Durante o jogo entre Corinthians e Atlético Mineiro, em dezembro, sensores indicaram vibrações muito acima do normal no setor de cadeiras numeradas.
Na época, as arquibancadas estavam interditadas e todo o público foi concentrado nas numeradas.
As vibrações levaram técnicos a colocar sensores nas gigantes e detectarem uma pequena vibração, o que não poderia ocorrer.
"Apesar de ter só 9.000 pessoas, estavam em um só lugar, pulando num setor sustentado por uma gigante", disse Galvão. Cada gigante é sustentada por um bloco de concreto encravado no solo.
Na última sexta, ao escavar para verificar a condição da estrutura do estádio, foram encontradas fissuras em três blocos de fundação.
"A parte térrea do estádio não está comprometida e pode ser usada. Não há riscos de desabamento, mas a movimentação do público poderia provocar estalos e criar pânico", disse Galvão.
Agora, o São Paulo deverá colocar sensores nos blocos de fundação e fazer testes para saber o grau de comprometimento provocado pelas fissuras.
(Alessandra Blanco e Claudio Augusto)

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