São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995
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Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

O que é que Michael Jackson tem em comum com os funcionários da Escola Base do bairro da Aclimação, injustamente acusados de molestar alunos sexualmente?
A julgar por uma reportagem publicada na versão inglesa da conceituada revista "Esquire", pode ser que tenha tudo a ver.
Eu explico. A repórter Mary A. Fischer se deu ao trabalho de fazer o que a relapsa imprensa sensacionalista do mundo inteiro não fez: investigou a fundo o outro lado da moeda.
E levantou os seguintes fatos: assim que Evan Chandler, pai do menino de 13 anos que Jackson foi acusado de molestar, soube que o cantor conhecera seu filho, ele tentou, repetidas vezes, se aproximar do cantor. Como foi podado, resolveu procurar o advogado Barry Rothman a fim de estudar uma maneira de tomar a bufunfa do cantor.
Antigos clientes, funcionários e associados de Rothman confirmam que a ficha corrida do advogado é das piores, marcada por manipulações e falcatrua.
A repórter apresenta uma série de evidências que indicam: a história toda foi fabricada por Chandler e Rothman para extorquir o cantor.
Note que em todos os seus depoimentos às autoridades, o menino nunca admitiu ter tido qualquer contato físico com Jackson. A mãe do garoto, separada de Chandler há anos, também acusou publicamente o ex-marido de extorsão.
Mas, à época do julgamento, ninguém deu a mínima para esses "detalhes". A esquisitice de Jackson, afinal, preenche os pré-requisitos do que se imagina de um bolinador de criancinhas. Só um sujeito doente iria querer comprar, por milhões de dólares, a ossada do Homem Elefante; só um pervertido teria em casa um parque de diversões para atrair suas vítimas. Além do mais, o cantor passou recibo quando se dispôs a pagar US$ 20 milhões a Chandler.
Mas, e se Jackson não for culpado? E se tudo não tiver passado de uma baita injustiça? Como é que nós ficamos? Como é que você fica, leitor que saboreou cada detalhe do caso? Como é que eu fico, com as piadas que fiz à respeito nesta coluna?

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