São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995
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Shoshi compensa aperto com boa comida

JOSIMAR MELO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Embora São Paulo tenha uma considerável presença judaica, são muito poucos os restaurantes que servem sua comida típica. É pena: as poucas casas judaicas são em geral de boa qualidade e mostram que, mesmo para os não-judeus, esta culinária pode ser gratificante.
Bom exemplo é o pequeno Shoshi Deli Shop, que só serve almoços, no Bom Retiro. No estilo das delicatessens de Israel e de Nova York, a casa nasceu em 1991 para abastecer a clientela que compra pratos para viagem. Mas o exíguo espaço destinado a quem preferisse comer ali mesmo terminou virando o centro da atividade e logo a Deli virou restaurante. E, apesar dos apenas 28 lugares e das apertadas mesinhas de lata, o clima geral entre a clientela é de compreensão e bom humor.
É claro que a comida ajuda. Ela é preparada pela proprietária Shoshana Baruch, a Shoshi, israelense que veio para o Brasil há oito anos com o marido Adi Baruch, búlgaro criado em Israel. Antes de abrir sua própria casa, o casal trabalhou com os pais de Shoshi na Casa Búlgara, um recanto do Bom Retiro onde se compram boas iguarias da Europa Oriental.
A comida de Shoshi tem um gostoso tom caseiro, sem excessos de temperos ou gorduras. A oferta é grande e cobre iguarias de judeus de várias origens, tanto askenasi quanto sefaradi (a dos judeus que, no século 15, foram expulsos da Península Ibérica).
Há pratos romenos como a deliciosa ikra (cremosa massa de ovas de carpa) ou o mititei (bolinho de carne na chapa). Da vertente askenasi é servido o gefilte fish (bolo de peixe, um pouco aguado) e a varenike (massa recheada com batata), entre outros.
Às sextas e sábados, serve-se o scholent (espécie de cassoulet), e só na sexta, sobremesas como a torta de papoulas. Convém chegar bem cedo ou bem tarde, pois a casa fica cheia nos horários de pico. Pelo menos até março, quando será ampliada para o imóvel vizinho.

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