São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Índice

'A Ratoeira É o Gato' discute a violência

ANA PAULA ALFANO
DA REDAÇÃO

Peça: A Ratoeira É o Gato
Direção: Paulo de Moraes
Com: Patrícia Selonk, Marcos Martins, Fernando Goes e outros
Onde: Centro Cultural São Paulo - Sala Jardel Filho (r. Vergueiro, 1.000, tel. 277-3611)
Quando: Hoje às 21h30. Quinta a sábado, às 21h30, domingo, às 20h
Quanto: R$ 6,00

Com vários prêmios na bagagem, a Armazém Companhia de Teatro, de Londrina, estréia em São Paulo o espetáculo "A Ratoeira É o Gato".
Patrícia Selonk, protagonista do espetáculo, ganhou o prêmio Mambembe/94 de melhor atriz e tem uma indicação ao Molière.
O diretor Paulo de Moraes também concorre ao Molière, junto com os diretores Gabriel Villela e Ulysses Cruz, e todo o grupo foi indicado ao prêmio Shell.
Moraes construiu o roteiro de "A Ratoeira É o Gato" a partir de obras do dramaturgo belga Michel de Ghelderode e do alemão Heiner Mller.
A peça conta a história de um bufão, uma espécie de bobo da corte dos castelos medievais, que deve total obediência a seu rei mas que acaba sendo obrigado a assassiná-lo.
Durante todo o espetáculo, o bufão foge das pessoas e do rótulo de homem mau que tentam dar a ele. A verdade que os outros constróem acaba se tornando também a sua verdade e ele se transforma na imagem que fazem de um assassino.
"A peça gira em torno da violência", explica Moraes. "Uma violência não só física, mas também social. Está no verbo e no corpo."
Selonk explica que, apesar de o tema "violência" parecer pesado, houve a preocupação de manter um tom de humor no espetáculo.
Para Moraes, a peça não cai na tragédia por não ser rancorosa. "Buscamos a estética da violência mas falamos também de sexualidade, diversão e poder", explica o diretor.
O cenário, assinado por Carlos Sato e por Moraes, é simples e bastante funcional.
Para que o público perceba a troca de espaço por que o personagem em fuga passa, há uma grande porta giratória. "Cada vez que o bufão passa por ela, ele está chegando a um novo lugar", diz o diretor.
Além das constantes mudanças de espaço, há também as mudanças de tempo e de papéis. A única atriz que interpreta apenas um personagem é Selonk.
O Armazém está junto há oito anos e há dois vem apresentando a peça em cidades do sul do país.
No ano passado, cumpriu uma temporada de quatro meses no Rio de Janeiro, onde conseguiu grande sucesso de público e crítica.

Texto Anterior: Fazenda Santo Onofre faz seus milagres
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.