São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995
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Família pede dinheiro para trazer corpos

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BAURU

A família Stafussi, de Bauru (345 km noroeste de SP), precisa de US$ 10 mil para fazer o traslado dos corpos de três parentes mortos no terremoto no Japão.
Sem dinheiro para isso, a família começou campanha na cidade. O dinheiro é depositado na conta 0680 01004086-9, do Banespa.
No terremoto na cidade de Kobe, morreram o cozinheiro Adilson José Stafussi, 33, e seus filhos Thiago, 7, e Tamires, 4.
Eles dormiam no apartamento onde moravam quando houve o terremoto que arrasou a cidade portuária do oeste do Japão.
Segundo relatos de parentes que moram no Japão, o apartamento da família desmoronou, matando o cozinheiro e as duas crianças.
A única sobrevivente da família foi Taeko Fuzioka Stafussi, 30, mulher de Adilson, que não estava em casa na hora do terremoto.
Eliane Cortezzini, 37, prima de Adilson, disse que as autoridades pretendem cremar os corpos, se não eles forem resgatados.
"A família não quer isso. Vamos fazer tudo o que for possível para trasladar os corpos para o Brasil", afirmou Eliane.
A mulher não soube dizer qual o prazo dado pelas autoridades de Kobe para que os corpos sejam retirados pela família.
Segundo ela, os corpos dos três estão no Instituto Médico Legal de Kobe, que estaria "lotado" de mortos no terremoto.
Os pais de Adilson, Raul e Terezinha Stafussi, dizem não ter os US$ 10 mil para obter a liberação dos corpos do filho e netos.
"Só se eu vender a casa e o carro da família, mas isso não acontece do dia para a noite", afirmou Terezinha Stafussi.
A família mora no Jardim Araruna, um núcleo de casas populares na zona leste da cidade ocupado, em sua maioria, por operários.
O gráfico Raul Stafussi Jr., 30, irmão de Adilson, disse que pediu a ajuda do deputado Tuga Angerami (PSDB/SP) para obter a liberação dos corpos.
Angerami prometeu à família que faria contato com o Itamaraty para saber como o governo brasileiro poderia ajudar nesse caso.
Ontem, cerca de cem integrantes da Igreja Tenrikyo de Bauru fizeram um culto em memória dos mortos no terremoto.
A cerimônia aconteceu na sede da catedral latino-americana da igreja, em Bauru. A sede mundial da Tenrikyo é em Tenri (Japão).
Os participantes da cerimônia vestiam trajes típicos orientais e fizeram suas orações em japonês.

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