São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Japoneses temem 'Big One' em Tóquio

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O grau de morte e destruição do tremor ocorrido esta semana no Japão serviram para reacender um antigo medo dos japoneses: a possibilidade de que ocorra um terremoto de magnitude semelhante na capital do país, Tóquio, uma das maiores cidades do mundo.
O sismólogo Tsuneji Rikitake prevê que um terremoto semelhante ao desta semana ocorrerá em Tóquio em 1995 ou 1996.
Segundo um estudo oficial de 1988, o número de mortos na capital poderia ser entre 80 mil e 130 mil pessoas, dependendo da hora do terremoto. Ou seja, semelhante ao maior tremor de terra do século no país, ocorrido em 1923 e responsável por 140 mil mortes.
Tóquio e toda a planície de Kanto constituem uma zona de alto risco. Foi nesta planície que ocorreu o terremoto de 1923. Atualmente, 20 milhões de pessoas vivem na região.
Na capital, ainda há muitas casas de madeira, como em Kobe. As autopistas elevadas têm muitas vezes três andares. O metrô transporta diariamente 7,8 milhões de pessoas na região e não possui nenhum equipamento antisísmico específico.
Segundo um especialistas estrangeiro, que pediu anonimato, as construções foram feitas obedecendo normas antisísmica nos últimos dez anos. O problema é que muita coisa foi construída antes, como a maioria da infra-estrutura.
As estradas e pontes seriam dos anos 60, mais antigas do que as que foram destruídas em Kobe.
Outro problema grave seria o armazenamento de grande quantidade de petróleo nas cercanias da cidade. Com os ventos, as chamas seriam espalhadas, aumentando as destruição.
Após o terremoto desta semana, a população de Tóquio correu para comprar capacetes, lanternas, baldes, extintores de incêndio e comprimidos purificadores de água.
Tudo foi vendido ainda na manhã de terça, afirmou Satoshi Kuroda, de uma loja em Tóquio. Não temos como atender todos os consumidores.
O mercado financeiro também teme efeitos de um grande terremoto em Tóquio, que abriga 90% das instituições financeiras do país e a segunda maior bolsa de valores do mundo.
Imagina-se que as consequências seriam sentidas no mundo inteiro, com queda brutal do iene, bolsas de valores despencando e taxas de juros subindo fortemente.
A China também se preocupa com terremotos fortes. Segundo o Boletim de Redução de Desastre da China, os departamentos de sismologia e especialistas no assunto consideram altas as possibilidades de um terremoto de magnitude maior do que 7 na escala Richter na China ocidental.

Texto Anterior: Japoneses vivem expectativa
Próximo Texto: Pessoas ficam dias nas ruínas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.