São Paulo, sexta-feira, 20 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tremor já é o pior em 72 anos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Passou de 4.000 o número de mortos deixados pelo terremoto da manhã da última terça-feira no Japão. O tremor já é o pior desde 1923 (que ficou conhecido como o Grande Kanto), quando cerca de 140.000 pessoas morreram nas cidades de Tóquio e Yokohama.
Pouco depois da meia-noite de hoje (13h de ontem em Brasília), a polícia japonesa já havia contabilizado 4.047 mortos, 727 desaparecidos e 21.671 feridos.
O número de desabrigados passou de 270 mil na noite de ontem. Locais de alojamento sofriam com a falta crônica de água, comida, calefação e instalações sanitárias. A temperatura baixa para 0oC durante a noite.
Centenas de pessoas chegaram ontem a Kobe, com água e comida para os parentes afetados pelo terremoto. Eles desembarcavam em estações reabertas nos arredores da cidade e caminhavam pelo menos 10 km até o centro de Kobe.
Funcionários da prefeitura alertaram para o perigo causado por novos tremores secundários, incêndios e instalações sanitárias inadequadas.
Muitos prédios mal se mantêm de pé, ou estão apoiados em alguma coisa, disse um funcionário do município. Um tremor secundário mais forte pode derrubá-los.
Sismólogos identificaram pelo menos 800 novos tremores secundários desde a terça-feira.
A frequência dos tremores está caindo, mas cientistas alertam que um mais forte, de até 6 pontos na escala Richter, pode atingir a região de Kobe, Osaka e Kyoto no período de um mês. O tremor de terça-feira foi de 7,2 pontos.
Pelo menos 50 novos incêndios foram registrados em prédios danificados. A maior parte de Kobe seguia sem eletricidade, água ou gás.
Funcionários municipais disse que levará pelo menos um mês para restabelecer o fornecimento de água na maior parte da cidade.
A extensão dos danos provocados pelo tremor de terça-feira deve levar o Japão a rever as posturas para construções, com o objetivo de melhorar a segurança contra futuros abalos sísmicos.
Três dias após o terremoto, equipes de resgate continuavam a procura por sobreviventes.
Duas mulheres de 80 anos foram resgatadas em Nishinomiya.
Uma delas, Setsuko Orii ficou pouca ferida e tinha os óculos intatos. Eu posso andar, disse ao resgatador que queria carregá-la.
Mas a maioria dos 200 desaparecidos resgatados ontem em Kobe estavam mortos. Vários corpos foram encontrados por cães suíços treinados para resgatar pessoas soterradas por avalanches.
O primeiro-ministro do Japão, Tomiichi Murayama, visitou ontem a cidade e disse que a destruição é muito maior do que a imaginação de qualquer um.
Promessas de ajuda feita pelo chefe de governo foram recebidas com críticas pelos desabrigados de Kobe. Eles reclamam da lentidão e da inépcia da ajuda.
O governo japonês informou que vai criar um fundo de US$ 1 bilhão para ajuda às vítimas. Os prejuízos causados pelo terremoto podem chegar a US$ 200 bilhões.
O gabinete se reuniu na noite de ontem para planejar novas medidas. Num gesto simbólico, os ministros se comprometeram a ceder um mês de salário (cerca de US$ 10 mil) para ajudar as vítimas.
O imperador Akihito enviou ontem os seus pêsames aos familiares das vítimas e disse que rezava para a mais pronta recuperação dos feridos.
Ele também disse ter esperança de que todos superaremos esse período mediante uma forte solidariedade e cooperação e aplicaremos nossa sabedoria para fazer nosso país mais forte e mais seguro diante das catástrofes.

Texto Anterior: Avalanches matam mais de 200 na Índia
Próximo Texto: Máfia japonesa presta ajuda às vítimas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.