São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 1995
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Condicionador de ar some das lojas

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de componentes está prejudicando a oferta de condicionadores de ar em pleno verão.
O forte calor provocou uma explosão de vendas do produto. Só que a cadeia produtiva não reagiu tão rápido quanto o necessário.
A Sicom, por exemplo, é a única fabricante no país do principal componente do condicionador de ar, o compressor hermético.
E a diretoria da empresa confirma que está deixando de atender 10% dos pedidos das indústrias.
"Não podemos produzir mais de uma hora para outra porque também falta componente para fazer o compressor", diz Sérgio Lucke, superintendente comercial.
Ele conta que a Sicom não consegue neste momento se abastecer de itens básicos, tais como parafusos, porcas, arruelas, juntas etc.
"Estamos recebendo dos nossos fornecedores até 15% menos do volume encomendado. Somos forçados a atrasar entregas."
A Onda, pequena empresa de parafusos, confirma o atraso nas entregas entre 10 e 15 dias.
"Também falta arame de aço. As usinas têm compromissos com exportação e não dão conta do aumento do consumo interno", afirma Antonio Martinez, diretor.
A produção da Onda, diz, é de 50 toneladas por mês e os pedidos chegam a 120 toneladas.
"O que sentimos é que a indústria toda não está preparada para atender um mercado aquecido porque deixou de investir em equipamentos durante muitos anos."
A Micheletto, grande fabricante de parafusos e rebites, informa que a demanda aumentou 20% do real para cá, mas que, por enquanto, consegue atender as encomendas.
"O problema agora é o aumento de custo dos insumos e da mão-de-obra", afirma Antônio Alves, gerente regional de vendas.
Segundo a Eletros (reúne fabricantes de eletroeletrônicos), o mercado de condicionadores deu um salto. Em 94, foram vendidas 423 mil unidades, 28% mais do que em 93. O volume só ficou abaixo do de 89 –481 mil unidades–, o melhor ano para o setor.
"Nós também estamos crescendo para atender a indústria", diz Lucke. Segundo ele, a Sicom produziu 380 mil compressores para condicionadores de ar em 1994 –8,5% mais do que em 1993.
Para 95, a empresa planeja aumentar a produção para 450 mil unidades. Já investiu em máquinas. Vai agora deslanchar programa de contratação.
Na virada do ano admitiu 300 pessoas. Deve empregar mais 200. Hoje tem 4.200 funcionários.
Enquanto a oferta não aumenta, as lojas oferecem poucas opções de marcas e tamanhos. A rede Ponto Frio decidiu vender condicionadores de ar só pelo sistema de telemarketing. "Isto porque temos pouca quantidade do produto", diz Sérgio Giorgetti, diretor.
O calor também fez crescer as vendas de ventiladores. A Arno, por exemplo, informa que o verão contribuiu para reduzir o estoque. Logo após o real, a diretoria da Arno reclamava de altos estoques.

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