São Paulo, sábado, 21 de janeiro de 1995
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Pedras rolantes

A interdição do estádio do Morumbi para a exibição do show do grupo de rock Rolling Stones em São Paulo enseja uma reflexão sobre as condições de segurança de edificações onde ocorrem eventos públicos.
Desde 1993, o Contru (Departamento do Controle do Uso de Imóveis) e a direção do São Paulo Futebol Clube, proprietário do estádio, vêm travando uma inútil guerra de laudos, notificações e interdições. Na semana passada, técnicos realizaram escavações na estrutura e constataram a existência de fissuras em três dos quatro blocos de fundação examinados.
Durante todo esse período, a população que esteve no Morumbi para assistir a partidas de futebol e shows foi criminosamente exposta a risco de vida. É melhor nem imaginar as consequências de um desabamento parcial ou mesmo apenas de um surto de pânico provocado pelo excesso de trepidação que já fora detectado por torcedores e por sensores.
O episódio revela que as autoridades têm de agir com mais rigor na fiscalização. É particularmente chocante a declaração do secretário municipal da Habitação, Lair Krahenbuhl, de que faz 20 anos que o Contru não consegue obter do São Paulo um laudo conclusivo sobre a segurança do estádio.
A falta de rigor na fiscalização não explica, porém, o comportamento irresponsável da direção do São Paulo e dos engenheiros que assinaram os laudos afirmando que o estádio oferecia condições de segurança. No mínimo, agiram como homicidas potenciais.
Não é pedir demais que empresas e autoridades públicas ajam com um pouco mais de responsabilidade. O que está em jogo são vidas humanas e não apenas lucros ou sinecuras.

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