São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Covas espera ser consultado pelo Banco Central

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), foi lacônico ao comentar ontem a proposta de privatização do Banespa, defendida pela equipe econômica. "Eu espero que o Banco Central me consulte sobre isso", disse o governador, à Folha.
Covas disse não ter sido ouvido sobre a intervenção do Banespa decretada pelo BC no último dia útil do ano passado, ao contrário do que foi dito por membros da área econômica do governo.
"Eu fui comunicado dois dias antes. Não fui consultado, ao contrário da versão que alguns querem que corra", disse o governador de São Paulo.
Covas procurou a reportagem da Folha para negar as informações, publicadas no último sábado, de que vem pressionando o BC a evitar mais demissões no Banespa.
Até agora, segundo ele, a administração do BC afastou cerca de 20 mil funcionários do banco.
"Não estou influenciando esse tipo de decisão, o que não quer dizer que eu seja a favor das demissões ou contra", disse Covas. "Quando eu tiver que opinar, farei isso publicamente, não vou responder ao Banco Central pela imprensa".
O BC decretou o regime de administração especial temporária sobre o Banespa e o Banerj, os dois maiores bancos estaduais do país, em 30 de dezembro de 94.
Pelo regime, o BC tem total controle sobre os bancos e pode decidir pela privatização das instituições.
Segundo a Folha apurou, o principal incentivador da medida foi o governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), mais simpático que Covas à idéia de privatização de seu banco estadual.
Técnicos do BC e do Ministério da Fazenda comentam, em reserva, que Covas é favorável à manutenção do Banespa e da Nossa Caixa Nosso Banco, sob o controle do Estado, além de preferir um programa mais brando de saneamento financeiro no Banespa.
Covas chamou de "fofoca" tais informações. "Não vão me desgastar com o Fernando (Henrique Cardoso, presidente da República) com isso", afirmou.

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