São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Governo faz demissões em empresas energéticas

EMANUEL NERI; CARLOS MAGNO DE NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a demissão de 79 funcionários, a Eletropaulo inicia hoje os cortes anunciados pelo governador Mário Covas para as estatais do setor energético. O número é insignificante diante das ameaças feitas pelo governo.
Entre os demitidos estão parentes de políticos. Duas filhas do deputado estadual Vitor Sapienza (PMDB), presidente da Assembléia paulista, integram a lista.
As energéticas empregam hoje cerca de 60 mil funcionários e são consideradas um dos principais "cabides de emprego" de São Paulo. A previsão do governo é de que os cortes atingirão no mínimo 10% do total de empregados.
O próprio governo acredita que pelo menos 500 funcionários das energéticas são "fantasmas" -ganham sem trabalhar. Isso é facilitado pelo sistema de comissionamento –funcionários cedidos para trabalhar em outros órgãos.
O comissionamento termina no dia 31 de janeiro. A partir desse dia, todos os funcionários cedidos serão obrigados a voltar a suas empresas de origem. Quem não voltar, será considerado "fantasma".
Entre as estatais, as energéticas são as que pagam maiores salários. Por isso, é comum o funcionário ser contratado por elas e cedido em seguida para trabalhar em outro órgão público.
Muitas vezes esse sistema é utilizado para que o funcionário ganhe sem trabalhar. O governo crê que pelo menos 500 servidores das energéticas sejam "fantasmas".
Pelas contas da Cesp, que tem cerca de 15 mil funcionários, existem 500 servidores comissionados em outros órgãos. Desses, 150 são suspeitos de serem "fantasmas".
Segundo o governo, a Cesp poderia trabalhar com 11 mil funcionários. Na Eletropaulo, com 21 mil empregados, o governo também promete uma redução significativa.
As outras energéticas são a Comgás e a CPFL. O governo diz que quer evitar um clima de terrorismo com a antecipação de informações sobre os cortes. Promete divulgar o grosso das demissões em fevereiro.

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