São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Presidente cobra fidelidade de aliados

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso cobrou ontem, em reunião do Conselho Político do governo, fidelidade dos partidos que integram a base parlamentar governista.
"Estar no governo é votar no governo, é saber contraditar as críticas ao governo em vez de fazê-las". Foi dessa forma que o presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, resumiu a cobrança de Fernando Henrique.
Segundo o presidente nacional do PTB, Rodrigues Palma, na reunião os representantes partidários asseguraram a FHC que o governo terá maioria no Congresso para fazer as mudanças constitucionais desejadas pelo Palácio do Planalto.
O Conselho Político reúne os presidentes dos partidos governistas. Além de FHC, Pimenta e Palma, participaram do encontro no Planalto o vice Marco Maciel e os dirigentes do PFL, PMDB e PP. O PL não enviou representante.
A cobrança de fidelidade foi feita uma semana depois do governo, mesmo tendo maioria, ter sofrido derrotas no Congresso.
Entre elas, está a aprovação do aumento do salário mínimo para R$ 100, o que impôs a FHC o custo político de vetar o projeto.
Fernando Henrique também ficou em situação delicada com a aprovação da anistia ao senador Humberto Lucena (PMDB-PB), cassado pela Justiça Eleitoral pelo uso irregular da gráfica do Senado.
Para não trombar com o Congresso, FHC já disse, através de sua assessoria, que vai sancionar a anistia.
"Os partidos coligados têm de compreender que o apoio político que o governo mais necessita é nos momentos de dúvida e não na hora dos aplausos populares", afirmou Pimenta da Veiga.
O presidente do PSDB, partido de FHC, também reagiu às críticas do líder do PTB na Câmara, Nelson Trad (MS), para quem "o governo está desarticulado, deselegante e burro".
O Conselho Político, segundo o tucano, avalia que as novas bancadas, que tomarão posse em 1º de fevereiro, terão um comportamento "absolutamente diferente" das atuais.
"O governo vai ter canais muito abertos com o Congresso", afirmou Pimenta da Veiga. Ele negou que o govern pretenda negociar cargos e pedidos paroquiais para assegurar o apoio parlamentar.
"É preciso ter consciência de que estamos vivendo um momento mais avançado. Não há pleitos individuais. Há, sim, questões políticas de interesse dos partidos", declarou.

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