São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
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Presidente da Previ atribui divulgação de 'rombo' a lobby do setor privado

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente da Previ (fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil), José Valdir Ribeiro dos Reis, disse ontem à Folha que "com certeza" a informação de que haveria um "rombo potencial de US$ 30 bilhões" nos fundos de pensão de estatais esconde interesses de bancos privados em administrar esses fundos.
A informação, publicada no domingo pela Folha, foi retirada de documento oficial do governo, repassado ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
A Previ é o maior fundo de pensão do país, com um patrimônio de US$ 9,5 bilhões, segundo o Ministério da Previdência Social (de US$ 12 bilhões a US$ 13 bilhões, segundo Ribeiro).
Segundo seu presidente, os números preliminares mostram que a fundação terminou 1994 com um patrimônio superavitário em relação aos seus compromissos.
José Valdir Ribeiro disse ainda que o ministro da Previdência, Reinhold Stephanes, "é um grande entendedor do assunto" e que por isso ele não acredita que o ministro "pense dessa forma".
Segundo Ribeiro, para esses empregados ficou definido que o Banco do Brasil faria diretamente a complementação, e eles não têm nenhuma relação com a Previ.
Ele disse ainda que não faria sentido o BB entregar a um banco privado a gestão do fundo de pensão dos seus empregados.
Petros
A Petrobrás aumentou progressivamente de 17% da folha de pagamentos no primeiro semestre de 1990 para 22% em janeiro de 1992 o total das suas contribuições para o Petros –fundo de pensão dos empregados da estatal e terceiro maior do país, com US$ 2,45 bilhões de patromônio.
No mesmo período, a participação de cada funcionário aumentou de até 11% do salário para até 14,9% (os percentuais incidem em cascata sobre três níveis salariais).
Brandão disse que desde 1990 o Petros só registrou déficit na sua reserva técnica em 1992 (6,6% do patrimônio). Em 1993 houve um superavit de 0,4%. O número de 1994, segundo ele, ainda não está fechado.
Tanto Brandão como Ribeiro afirmam que as fundações já sofrem auditorias independentes todos os anos, além de fiscalizações periódicas da Secretaria de Previdência Complementar, órgão do Ministério da Previdência.
Cemitério
A Braslight, fundo de pensão dos empregados da Light, que tem no seu patrimônio quase 2.000 covas no cemitério Jardim da Saudade (Sulacap, zona oeste do Rio), está sob intervenção há oito meses.
Segundo o interventor, Sérgio Benatti, as covas são 1.760 e foram doadas há quatro anos à fundação pela antiga associação dos empregados da Light.
Benatti disse que as covas estão sendo vendidas para uma empresa especializada em administrar esse tipo de patrimônio.

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