São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Três décadas de sexo, drogas e rock'n'roll

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns anos depois da dissolução dos Beatles, John Lennon declarou que mais surpreendente que o fim do grupo era que os Rolling Stones continuassem juntos. Formado em julho de 1962, os Stones atravessaram três décadas sendo a corporificação da tríade "sexo, drogas e rock'n'roll". Aos trancos e barrancos, deixando alguns membros pelo caminho, os Stones são a banda mais longeva do rock'n'roll.
Quando a banda gravou o primeiro single ("Come On" e "I Wanna Be Loved"), em 63, os Beatles já eram famosos. Espertamente, o empresário Andrew Oldham lançou os Stones como a antítese do bom-mocismo dos Beatles. Inventou uma rivalidade que dividiria o rock nos anos 60.
O caminho da fama foi marcado por uma sucessão de prisões por vandalismo e uso de drogas. Os escândalos ajudavam a promover o grupo. Oldham criava slogans do tipo, "Você deixaria sua filha casar com um Rolling Stones?" e alardeava que eles eram "a maior banda de rock'n'roll do mundo".
Por causa da imagem de "bad boys" dos Stones, Oldham afastou do grupo um dos fundadores, o pianista Ian Stewart, que continuou acompanhando a banda até sua morte em 85.
Inicialmente, a banda se limitava aos covers de blues americanos. Até que Oldham trancou Jagger e Richards dentro de uma cozinha até que a dupla compusesse uma música. "Tell Me" foi o primeiro rebento da parceria forçada.
Até o final da década de 60, Jagger dividia a liderança da banda com o guitarrista Brian Jones, o mais criativo do grupo. Jagger passou a duelar pelo controle dos Stones com Richards quando Jones foi expulso da banda, em 69. Dois anos antes, os Stones tinham se livrado do empresário.
A entrada do guitarrista Mick Taylor (ex-John Mayall Bluesbrakers) marca o auge musical da banda. Época dos dois melhores discos, os clássicos roqueiros "Exile On Main Street" e "Sticky Fingers".
A nova década traz novas mudanças. Nos anos 60, os Stones faziam declarações contra a burguesia e o status quo. A década de 70 os encontrou mais flexíveis. Mick Jagger troca de par e ambiente. Deixa a hippie Marianne Faithfull e a "swinging London" pela nicaragüense Bianca Macias e torna-se "darling" do jet-set internacional. Em meados dos anos 70, a banda se afunda mais no sexo e drogas e esquece o rock'n'roll. Em 74, Taylor deixa a banda, voluntariamente, e é subsituído por Ron Wood (ex-Faces). A banda começa a flertar com o reggae e a disco.
Os anos 80 não foram lá muito calmos para a banda. Eles inauguram a era das megaturnês, mas as desavenças internas atingiram um ponto crítico. Richards chegou a dar um soco em Wood durante um show. No começo da década, Wyman já declarava que pretendia deixar os Stones.
O problema principal era o relacionamento Jagger/Richards. Os dois usavam a imprensa para atirar farpas um contra o outro. Os rumores de fim da banda eram constantes. Os discos irregulares não ajudavam.
Nos últimos anos, eles diminuíram o ritmo de escândalos. "Voodoo Lounge" marca o reencontro com o rock'n'roll. Sucesso de público e crítica. A maior turnê já feita representa a reconciliação, no palco, dos "glimmer twins".

Texto Anterior: FASE 1; FASE 2; FASE 3
Próximo Texto: Cachê; Amigos; Avós; Paredes; Turnês; Cadeia; Brasil; Espaço; Cama; Demônio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.