| São Paulo, terça-feira, 24 de janeiro de 1995 |
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Cachê; Amigos; Avós; Paredes; Turnês; Cadeia; Brasil; Espaço; Cama; Demônio Cachê Bill Wyman conta em sua autobiografia, "Stone Alone", que em um dos primeiros shows, no Clube Flamingo, em Londres, em 1963, os Rolling Stones receberam uma libra de pagamento. No ano seguinte, por um concerto de 50 minutos, o cachê pulou para 1.000 libras. Na atual turnê, "Voodoo Lounge", o cachê estimado para cada vez que a banda pisa em um palco é de U$ 2 milhões. Amigos Jagger e Richards estudaram na mesma escola, mas não chegavam a ser amigos. O futuro guitarrista dos Stones achava que o colega tinha cara de certinho. Em 60, os dois se encontram em uma estação de trem no subúrbio de Londres. Jagger carregava debaixo do braço discos de Little Walters, Muddy Waters e Chuck Berry. Os álbuns importados dos EUA atraíram a atenção de Richards, que resolveu relevar a imagem de estudioso de Jagger. "Resolvi dar uma chance a ele", brincou, mais tarde, o guitarrista. Com o tempo, a paixão pelo blues não parecia suficiente para manter o relacionamento. No final da década de 80, depois do LP "Dirty Work", os dois só se falavam através da imprensa e para atirar farpas um contra o outro. "Nunca tivemos nada em comum, a não ser a música", disse Jagger. Avós Depois de sete anos sem excursionar, os Stones resolveram pôr o pé na estrada em 1989 para divulgar o disco "Steel Wheels". A imprensa não levou muita fé, achando que o grupo não teria pique para as apresentações. O tom dos jornais beirava a zombaria. Parodiando o slogan "tranquem suas filhas" –que serviu de propaganda para o grupo no início da carreira–, um jornal inglês ironizou o início da excursão: "Tranquem suas avós". Paredes No início da banda, Jagger, Richards e Jones dividiam um apartamento no segundo andar de um prédio no bairro londrino de Chelsea. Uma época que em nada lembra a atual. Havia mofo nas paredes e os três chegaram a passar fome. Para os shows no Brasil, a lista de exigências da banda inclui mobília clean para os camarins, decoração inspirada em motivos vudu e nada de paredes multicoloridas. Na parte gastronômica, a banda também é detalhista. Além de pedir frutas tropicais, como manga, goiaba, mamão, maracujá e banana –muita banana–, a lista enviada traz algumas minúcias, como querer vinhos franceses bordeaux ou burgundy que custem, no mínimo, U$ 25. Turnês A primeira turnê da banda foi com os Everly Brothers e Bo Didley, apenas na Inglaterra. A excursão teve 30 shows –começou no dia 29 de setembro de 63 e foi até 3 de novembro. A atual turnê do grupo é a maior da história. Passa por 77 cidades de 27 países em cinco continentes. Serão 114 shows em 374 dias de excursão. 6- Assim como Brian Jones e Mick Jagger, Keith Richards foi detido várias vezes por uso de drogas. Atualmente, ele brinca, dizendo que prefere ser conhecido como "laboratório ambulante". Em um das prisões, em 1967, Richards passou algumas noites atrás das grades. Uma experiência que ele desaconselha. "A comida é péssima, a biblioteca é nojenta e a lista de vinhos é limitada". A última vez em que foi pego com drogas foi no Canadá, em 1977. "Nunca tive problema com drogas, só com a polícia", costuma dizer. Brasil A vinda dos Stones ao Brasil já foi anunciada em outras ocasiões. A primeira vez em que se falou disso foi em 1975. Em maio, o empresário do grupo esteve em São Paulo e chegou a anunciar as datas. Em 1981, foi anunciado um show da banda no autódromo de Jacarepaguá, no Rio. A apresentação foi cancelada por um decreto municipal que proibia qualquer evento que não fosse automobilístico no local. Em 1985, Jagger esteve pela última vez no Brasil, gravando um clipe de seu primeiro álbum solo, "She's The Boss", no Rio. Perguntado por fãs na rua quando os Stones se apresentariam aqui, Jagger retrucou: "Never". Espaço Há exatamente 30 anos, os Stones registraram seu maior hit, "(I Can't Get No) Satisfaction", no antigo estúdio da Chess, em Chicago –o mesmo lugar onde blueseiros seminais como Willie Dixon costumavam gravar. Há alguns anos, a Nasa enviou uma sonda exploratória ao espaço com uma fita contendo essa música. Cama A biografia "Jagger Não-Autorizado", relaciona algumas pessoas que dividiram a cama com o cantor: as atrizes Anitta Pallemberg e Marsha Hunt; as cantoras Marianne Faithfull, Carly Simon, Linda Ronstadt e Madonna; David Bowie e Eric Clapton; Margareth Trudeau –na época mulher do primeiro-ministro canadense, Pierre Trudeau–; e o bailarino Rudolf Nureyev, entre muitos outros. Nos últimos anos, o casamento de Jagger com a modelo texana Jerry Hall quase acabou por causa de um "affair" do cantor com a modelo italiana Carla Bruni. Demônio Escolhidos pela banda para fazer a segurança do festival de Altamont, em 6 de dezembro de 1969, a gangue de motociclistas Hell's Angels bateu em todo mundo durante os shows, inclusive em Marty Balin, membro do grupo Jefferson Airplane. Enquanto Jagger cantava "Sympathy For The Devil" vestido de demônio, os Angels mataram a facadas um jovem negro que puxou um revólver em frente ao palco. A confusão forçou o fim do show. O grupo teve que deixar o palco correndo com uma multidão atrás, para pegar um helicóptero e sair do local. Mais tarde, Richards comparou a situação à célebre cena da debandada dos americanos do Vietnã. Texto Anterior: Três décadas de sexo, drogas e rock'n'roll Próximo Texto: Banda associou a transgressão ao pop Índice |
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