São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 1995
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Governo vai aceitar 'trabalhos gratuitos'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu que vai continuar aceitando os trabalhos gratuitos da agência de publicidade DM9 sem realizar licitação pública. A empresa foi a responsável pela área de marketing da campanha eleitoral de FHC.
O porta-voz da Presidência, embaixador Sérgio Amaral, afirmou ontem que "o trabalho do governo não pode ficar bloqueado por interpretações".
Segundo o porta-voz, o Palácio do Planalto "não vê incompatibilidade" entre os serviços prestados pela agência e o que determina a Lei de Licitações.
O artigo 25, inciso II, da lei 8.666/93, veda expressamente a dispensa de licitação "para serviços de publicidade e divulgação". A DM9, no entanto, já realizou dois trabalhos para o governo afirmando que está trabalhando "de graça".
Na quarta-feira passada, a DM9 entregou a FHC a "logamarca" de seu governo e apresentou ao ministro da Educação, Paulo Renato Souza, o slogan da campanha em defesa da educação: Acorda, Brasil. Está na hora da escola.
Ontem, o porta-voz admitiu que "outras duas agências" também apresentaram gratuitamente suas sugestões de logomarca do governo. Segundo a Folha apurou, uma destas empresas foi a DPZ Propaganda S.A.
Amaral não soube explicar, no entanto, quais foram os critérios para a escolha da agência que trabalhou na campanha de FHC. Disse apenas que foram "critérios puramente de publicidade".
A DM9 é presidida pelo publicitário Nizan Guanaes, sócio do também publicitário Geraldo Walter na CPP (Consultoria, Promoção e Propaganda), rebatizada de DM9 Institucional.
Contradição
A admissão por Sérgio Amaral de que o governo aceitou o trabalho gratuito da DM9 por critérios puramente publicitários se choca com a informação prestada anteontem pela assessoria do Ministério da Educação, segundo a qual a campanha em defesa da escola não é oficial e foi uma idéia de Beatriz Cardoso, filha do presidente da República.

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