São Paulo, quarta-feira, 25 de janeiro de 1995
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Técnicos curtem altos e baixos de seus ofícios

DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico aeronáutico Salvador Enrico Canzi, 50, sonhava em ser piloto de avião, mas acabou trabalhando no ponto mais subterrâneo da cidade. Há 15 anos, ele faz a manutenção dos trilhos do metrô.
Na estação do Anhangabaú, ele fica a 709,5 m acima do nível do mar, no ponto mais baixo da cidade. "Já me acostumei. Aqui é silencioso e o tempo passa mais rápido. O problema é o calor."
Canzi trocou o céu pelos túneis para ganhar um salário maior e garante que se adaptou à mudança.
"Gosto de voar, mas detesto altura. Se vou num prédio muito alto, não chego perto da varanda."
Canzi trabalha da 1h às 4h30. "O trabalho é cronometrado. Se houver algum imprevisto atrasamos a abertura do metrô."
A vantagem de trabalhar à noite, segundo Canzi, é que pode ter uma presença mais ativa na vida familiar. "Chego em casa às 7h e durmo. À tarde, faço supermercado com minha mulher. Ela adora, mas os amigos reclamam porque nunca posso sair à noite."

O técnico em eletrônica Dárcio Justino do Amparo, 49, trabalha há 27 anos no ponto mais alto da cidade: a torre de TV que a Globo e a Bandeirantes dividem no pico do Jaraguá.
Enquanto está na torre, fica isolado do resto do mundo. "Aqui estou livre da poluição. Não gosto de ficar em prédio. Aqui tem mato, bicho. Nem parece São Paulo".
Por 3 anos, Amparo ficou afastado do Jaraguá para ajudar na montagem da antena da Globo na Paulista. "Peguei uma infecção nos olhos que me persegue. Foi a pior coisa que me aconteceu."

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